Dia da Mulher Negra: conheça a história de Tereza de Benguela, líder quilombola

Um dos mais importantes resgates históricos da figura de Benguela foi feito pela escola de Samba do Rio de Janeiro, a Viradouro, no ano de 1994

No dia 25 de julho é celebrado a luta da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha. Com atos marcados nas mais diversas regiões do Brasil, Salvador recebe na Praça da Piedade uma ocupação poética e intervenções artísticas. A data representa a luta contra o racismo e o sexismo e celebra a batalha traçada por Tereza de Benguela.

Mas, qual é a importância desse dia para além do Dia Internacional da Mulher? E afinal, quem foi Tereza de Benguela e por que dentre tantas mulheres, ela é a homenageada?

Tereza de Benguela foi a líder do Quilombo Quariterê – ou Quilombo do Piolho, tradução da palavra em Tupi-Guarani. Ela passou a chefiar o refúgio após a morte do seu marido José Piolho. Sob seu comando, o Quilombo resistiu à escravidão por duas décadas, durante o século 18 na região do Vale do Guaporé, no Mato Grosso.

Ao Metro1, a historiadora e mestranda pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), Victoria da Paixão, relatou que a hegemonia de Tereza aconteceu com auxílio de indígenas e dos mais velhos, que representavam a ancestralidade viva.

A Rainha do Quariterê foi assassinada por volta de 1770. Tereza teve seu corpo esquartejado e espalhado em diversas vilas, como um recado do que o Estado na época – e ainda hoje – faz com mulheres negras potentes. Pouco mais de 240 anos depois, o governo brasileiro instituiu o dia 25 como uma lembrança do seu legado.

Memória 

Não é possível determinar o ano ou local de nascimento de Tereza de Benguela, assim como de tantas outras figuras negras que compuseram a história brasileira. Segundo a historiadora, existem registros policiais que relatam sobre a líder e a sua morte, mas nada além disso.

A oralidade histórica então deu conta de eternizar a vida e a luta de Tereza, assim como a de Maria Felipa (heroína da Independência do Brasil na Bahia) e diversas outras. “Os relatos orais só não são suficientes para a história hegemônica. Existe uma tentativa de matar o conhecimento e a história oral na ação de impedir que produzamos novos conhecimentos. Essa ação vem da ideia de manter a história de maneira branca. Tudo que não faz parte desse arcabouço é considerado não história, é apenas um conto”, refletiu.

Um dos mais importantes resgates históricos da figura de Benguela foi feito pela escola de Samba do Rio de Janeiro, a Viradouro, no ano de 1994. A líder quilombola foi tema do samba enredo, definida como “uma rainha negra no pantanal”. Foto divulgação, Metro 1