Segurança: modelo falido…! Mudanças eficazes perpassam aguçamento ao militarismo

Bahia é o estado com maior quantidade de mortes violentas em 2019

Por ANTONIO MASCARENHAS

A despeito da Bahia figurar na segunda colocação, em todo o pais, no que concerne ao índice de violência em 2019, conforme matéria veiculada no Metro 1 (vice texto abaixo) entendemos que essa avalanche de violência tende a crescer, mesmo porque, a política desenvolvida em todo o pais, e não é diferente na Bahia, no que concerne ao combate à violência, tem por escopo minimizar efeitos a partir do momento em que as causas são relegadas ao esquecimento. 

MILITARISMO INSTITUCIONAL

Todo país “necessita”, institucionalmente,  de todo um aparato militar (forças armadas) para proteção de suas fronteiras contra eventuais “invasores”, assim como, nos âmbitos estaduais, de suas corporações militares e civis para prevenção de ilícios e desenvolvimento de atividades investigativas. E os profissionais que atuam nessas corporações vêm, naturalmente, dentro das condições que lhes são oferecidas, desenvolvendo com esmero, suas atribuições (na maioria das vezes, colocando suas vidas em risco, em nome da defesa da sociedade). É fato. 

Nesse contexto, altíssimos dispêndios são feitos, seja no que concerne ao aparelhamento bélico, seja no tocante aos custos com os profissionais militares que atuam nesse segmento de segurança, em diversos rincões. À luz da conjuntura atual, tudo isso tem que ser, naturalmente, mantido até que, num futuro não tão distante, possamos equacionar distorções reinantes. 

Por outro lado, seria de bom alvitre que políticas alternativas pudessem, deveras,  ser alavancadas para que, paulatinamente, houvesse uma inversão de prioridades no que concerne à dicotômica realidade vivenciada no país no que concerne ao combate à violência: falta de mais investimentos na educação e oferecimento de oportunidade de emprego e renda.

Todos trabalhando, menos gente no  seio da criminalidade. O próprio Bolsonaro afirmou que o Brasil seria outro se fosse habitado por japoneses. Mas, nós brasileiros podemos, sim, contradizer essa “arroubo bolsonariano” se tivermos condições de quebrar todo esse elo anacrônico. Nada contra nossos irmãos japoneses que têm dado exemplo para o mundo todo, pelo empreendedorismo, pela capacidade criativa. 

O governo federal, por exemplo, ampara-se no militarismo para sacramentar o “ancoradouro” que lhe dê sustentação. Foi uma opção de Bolsonaro, já que não teria, no seio político partidário o mesmo lastro para a aprovação de medidas administrativas de seu governo. Acontece que não deveria pensar que apenas nessa vertente sua gestão pudesse se direcionar, incorrendo em casuísmo, já que ele tem raízes nessa esfera.   

MILITARISMO NAS ESCOLAS

Não é necessariamente vestindo os “meninos de azul” e as “meninas de rosa” que determinados comportamentos serão banidos no seio das escolas. Há muito tempo que foi, por exemplo, banida do currículo escolar a disciplina “Moral e Cívica” e não haveria nenhum empecilho para sua reincorporação à grade de disciplinas. Obediência ao professor, ficaria a cargo de professores.

Busca-se nessas alternativas domésticas, alternativas paliativas, à espera de “soluções miraculosas”, esquecendo-se ou “tapando os olhos” a uma “draconiana realidade” que “apesar de ser vista, não é enxergada”: o descaso para com a educação ampla, de qualidade e a geração de oportunidades de emprego e renda.

EMPREGO E RENDA e CASUÍSMO

Mas como falarmos em “geração de emprego e renda” se, na hora do governo federal dar oportunidades aos jovens que estão aí em busca de oportunidades, chama policiais aposentados para reingresso nas fileiras do INSS. Mesmo que no seio do contingente haja pessoas com experiência e capacidade irrefutáveis, muitos jovens aí estão, ávidos a colocarem em prática seus conhecimentos e suas habilidades. Um absurdo sem precedentes. 

Novamente os “militares” como “solução”, num país de dimensões continentais sendo conduzido de forma anacrônica e casuística, repetimos. Algo precisa ser feito para que, paulatinamente, possamos “romper o casulo” que nos aprisiona e que nos relega ao “sedentarismo ideológico”. 

Não devemos ficar, no dia a dia, a aplaudir a tudo, de forma complacente, como se nada estivesse acontecendo. Acontece que as coisas estão acontecendo, “sim”. A violência está a cada esquina, a cada quarteirão. Temos que esquecer partidarismo. Temos que atuar de forma crítica, todavia, construtivista. Caso contrário, estaremos, todos, atuando como “inocentes úteis” ou “vacas de presépio”, fazendo de conta que tudo está às mil maravilhas. Temos que esquecer o lado partidário, repetimos. Chega de exibicionismo em redes sociais. O momento é de reconstrução e ela só acontecerá a partir do momento em que emerja do interior de cada um de nós. 

Esse texto emergiu a partir da leitura da matéria abaixo, veiculada pelo Metro1: Confira abaixo

“Bahia é o estado com maior quantidade de mortes violentas em 2019

A Bahia foi o estado brasileiro que registrou a maior quantidade de mortes violentas em 2019, segundo dados divulgados hoje (14), pelo Monitor da Violência, composto pelo G1, Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Ao todo, o estado baiano registrou 5.099 mortes violentas (homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte) em 2019. Destas, 4.889 foram enquadrados como homicídio doloso, 143 como latrocínio e 67 como lesão corporal seguida de morte.

O estado com a segunda maior quantidade de mortes violentas em 2019 foi o Rio de Janeiro, com 4.154 casos. Em seguida vieram Pernambuco (3.466) e São Paulo (3.209).

Em comparação com 2018, a Bahia teve uma redução de 521 mortes violentas, quando o estado baiano registrou 5.620 casos, sendo 5.417 homicídios dolosos, 134 latrocínios e 69 lesões corporais seguidas de morte. Foto, reprodução TvGlobo. Matéria, Kamille Martinho, Metro 1, em 14.02.20