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Salinas da Margarida promoveu, nesse sábado, 01, o tradicional cortejo do caboclo em comemoração à Independência da Bahia

Por ANTONIO MASCARENHAS

Fazendo parte das comemorações alusivas aos 200 anos da independência do Brasil, na Bahia, aconteceu na noite desse sábado, 01/07, em Salinas da Margarida, a  tradicional levada do caboclo, cujo cortejo partiu da praça 2 de julho, rumo ao Porto da Telha, primeira etapa  do desfile que acontece nesse domingo, a partir das 09h, na Avenida Presidente Vargas.

É o município de Salinas da Margarida mantendo viva essa tradição que faz parte da historicidade da Bahia. Denter as personalidades que acompanharam o cortejo desse sábado, Memezinho (vice-prefeito), Mara (presidente da Câmara), Terrinha (Secretário de Cultura, Turismo e Esportes), vereadores, secretários e  diversas personalidades da sociedade local.

A HISTÓRIA DO CABOCLO E CABOCLA

Os caboclos são os verdadeiros protagonistas da festa na Bahia, mantendo-se distantes dos formalismos que marcam as celebrações cívicas brasileiras. Com cocares adornando suas cabeças e lanças afiadas em suas mãos, eles desferem golpes decisivos em uma figura simbólica que representa Portugal, um dragão.

Neste domingo (2), o cortejo do 2 de Julho retorna às ruas de Salvador e de algumas cidades do interior baiano, a exemplo de Salinas da Margarida, Jaguaripe e São Félix, para comemorar os 200 anos da expulsão dos portugueses e a consolidação da Independência. Essa celebração é uma expressão máxima da participação popular nos conflitos que ocorreram na Bahia entre fevereiro de 1822 e julho de 1823.

Essa festa é o ponto culminante de um calendário cívico que tem início em 25 de junho, na cidade de Cachoeira, localizada no Recôncavo baiano. Cachoeira que, diga-se de passagem, ficou conhecida como a “cidade heroica” por ter resistido aos ataques de uma canhoneira liderada pelas tropas portuguesas.

FOGO SIMBÓLICO

Desde 2007, ela se torna a capital da Bahia por um dia do ano. Em 30 de junho, o Fogo Simbólico da Independência parte de Cachoeira e percorre as cidades do Recôncavo até chegar, em 1º de julho, ao bairro de Pirajá, em Salvador.

No entanto, a festa popular ganha vida nas primeiras horas do dia 2 de julho, quando uma multidão se reúne no entorno do Largo da Lapinha, localizado no centro antigo de Salvador. Esse foi o ponto de entrada do Exército Pacificador na cidade, após a fuga dos portugueses em 1823.

Após a alvorada com fogos de artifício e o hastear das bandeiras, o cortejo, composto por dezenas de milhares de pessoas, percorre as ruas do centro antigo de Salvador até chegar à Praça do Sé. Fanfarras, entidades civis e grupos culturais, como os Caboclos de Itaparica, também participam do desfile.

DIFERENCIAL EM RELAÇÃO AO 7 DE SETEMBRO

A participação popular mais expressiva é que faz com que essa tradição passe de geração a geração.  As festividades do 7 de Setembro Sete de Setembro não possui esse mesmo envolvimento, pois foi um movimento das elites para as elites”, de conformidade com a apreciação de Rafael Dantas, do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, ou seja, o desfile da caboclo e cabocla perpassa esse arcabouço ideológico.

O dia 2 de julho é feriado estadual e faz parte do calendário nacional. Em 2006, foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial do estado. Ao longo dos últimos dois séculos, essa data se tornou uma espécie de mito de origem da Bahia brasileira, onde os caboclos representam os combatentes anônimos que lutaram na guerra.

A figura que remete aos povos indígenas ganhou força em meio a criação de um ideal de heroísmo que evitava contemplar os negros, já que a escravidão ainda permanecia como uma chaga na sociedade brasileira, nem com os brancos, que poderiam ser confundidos com a figura do colonizador.

A opção pela representação dos povos originários antecipa um indianismo romântico e legitima o discurso da época que buscava amenizar possíveis conflitos sociais e raciais.

“Os caboclos vêm da tradição dos cultos afro-ameríndios e já eram entidades veneradas no meio popular. Só depois que passaram a ser oficialmente ícones da vitória do povo baiano na guerra da Independência”, explica o historiador Milton Moura, professor aposentado da Universidade Federal da Bahia.

A celebração da Independência começou já em 1824, quando o 2 de Julho foi comemorado com a participação de ex-combatentes. Na primeira festa, segundo escritos do jornalista e abolicionista negro Manoel Querino, desfilou no cortejo carroça que havia sido tomada das tropas portuguesas, trazendo em cima um homem como a representação de um caboclo. Imagens, Ascom Salinas da Margarida.

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