Por ANTONIO MASCARENHAS
Enquanto em todo os países os governantes adotam posturas em torno do distanciamento social, seja em quarentena, seja em isolamento total (para os declaradamente infectados pelo coronavírus), de maneira que, paulatinamente, haja diminuição de novos casos de infecção e mortes, no Brasil, ao contrário, o presidente Bolsonaro dispara contra a imprensa, governadores e prefeitos que adotam posicionamentos semelhantes.
O presidente toma medidas que destoam não apenas dos governadores mas, também, de seu ministro de saúde, Luiz Henrique Mandetta que, inegavelmente, vem desenvolvendo um trabalho técnico. Ministro que, hoje, sem sombra de dúvidas, está muito melhor avaliado do que o presidente.
PANDEMIA
Partindo da premissa de que a pandemia cresce em números estratosféricos, e que a onda de novos casos tende a crescer no mês de abril, faz-se necessário esforço conjunto com os governadores e prefeitos no sentido de que o impacto possa ser menor.
Governadores e prefeitos adotaram posicionamentos corretos com fechamento do comércio e serviços, nessa período de 15 a 30 dias, para evitar a contaminação comunitária. Evidentemente, todos os setores terão prejuízos, todavia, a preservação da vida é muito mais importante. Gradativamente a situação vai se restabelecer.
RUI COSTA – ACM NETO E DEMAIS PREFEITOS
Adversários políticos, Rui Costa (governador) e ACM Neto (prefeito de Salvador e postulante ao executivo estadual) têm deixado para trás as diferenças partidárias, para dar as mãos mãos em torno de um trabalho que possa, deveras, produzir resultados. Eles sabem, de cátedra, que nesse momento, o inimigo comum é o coronavírus.
Rui Costa foi o primeiro governador a determinar a realização de testes de temperatura no aeroporto e rodoviária. Algo que Bolsonaro contestou, mas que, graças à ação impetrada junto à instância cabível, as checagens continuaram a ser feitas. Foi o primeiro, também, a determinar bloqueios rodoviários em determinados municípios, posicionamento seguido por outros gestores municipais.
Quanto aos prefeitos baianos, praticamente todos vêm desenvolvendo ações de contenção do vírus. Citamos exemplos dos municípios de Salvador, S.A.Jesus, Cruz das Almas, Jaguaripe, Aratuípe, Salinas, Nazaré, Dom Macedo Costa, Conceição do Almeida, Varzedo e tantos outros da região.
O governo Bolsonaro, atendendo aos governadores, chegou a liberar 88,5 milhões para socorrer aos Estados e municípios, todavia, após videoconferência com os governadores, contra eles voltou a disparar, de forma inconsequente, apregoando a não necessidade de isolamento social.
É preciso ouvir lideranças política e assessores, de maneira que determinadas declarações produzam resultados irremediáveis. Não adiante o chefe do executivo federal querer
MORTALIDADES NA ITÁLIA, ESPANHA E CHINA
A Itália, com 69.176 casos, dentre os quais, 6.820 mortos; a Espanha com 47.610 casos, dos quais 3.445 mortos e a China com 81.221 caos, dos quais 3.231 mortos são exemplos cabais da devastação provocada pelo coronavírus. Só nas últimas 24 horas, 738 vidas foram ceifadas na Espanha. Nos Estados Unidos, 55.449 casos, dos quais 809 mortos.
É porque esses dois primeiros países condensam populações com grande participação de idosos? Claro que não. Tais casos se ancoram na falta de equipamentos suficientes para o acolhimento em massa das pessoas infectadas. É esse estrangulamento que se tenta evitar aqui no Brasil que já conta com 2.201 casos, dentre os quais, 46 mortos.
Na Itália, por exemplo, pessoas com idade superior a 70 anos estavam (ou estão) sendo preteridas no atendimento por aquelas de idade inferior, justamente pela falta de condições de atendimento. Isso é que precisa ser evitado no Brasil. Para tanto, é imperativo que se evite a contaminação em massa.
Inserção de fotos Isaac Nóbrega (Gazeta do Povo).