Lula e ACM Neto dividem mais de 40% do eleitorado baiano

Por Rodrigo Daniel Silva

O ex-presidente Lula (PT) e o ex-prefeito soteropolitano ACM Neto (União Brasil) têm hoje 43,6% eleitores em comum na Bahia, segundo levantamento feito pelo instituto Quaest a pedido da Tribuna. Lula e Neto vão disputar a Presidência da República e o governo da Bahia, respectivamente, na eleição deste ano.

O grupo de ACM Neto acredita que o ex-prefeito vai conseguir manter até o final da campanha os votos lulistas. Aliados acreditam que vai ocorrer na Bahia o fenômeno “luleto”. Principal coordenador da campanha de Jerônimo Rodrigues (PT) a governador, o senador Jaques Wagner (PT), no entanto, tem atuado para evitar que eleitores do ex-presidente votem em ACM Neto.

Em todos os encontros de pré-campanha petista, Wagner tem feito questão de ressaltar que Jerônimo Rodrigues é o “candidato de Lula na Bahia”. “Eu quero deixar uma coisa bem clara para vocês: Lula na Bahia só tem um candidato a senador chama-se Otto Alencar. Lula na Bahia só tem um candidato a governador que é Jerônimo Rodrigues e Geraldo Júnior, o vice. Tem gente que fica se escondendo. Não diz que lado tá, e quem não sabe dizer que lado tá, não pode pretender governar o estado fundador da nação”, diz o senador constantemente.

Para manter os votos lulistas, Neto já declarou que não é adversário do ex-presidente. “Eu não sou adversário de Lula. Lula é candidato à Presidência, eu sou candidato ao governo do estado. Meus oponentes são candidatos ao governo da Bahia. O eleitor não quer ver seu candidato a governador em rixa com o candidato a presidente”.

Em entrevista à rádio Metrópole, o ex-prefeito chegou a lembrar do episódio em que ameaçou “dar uma surra” em Lula, quando era deputado federal, e afirmou que hoje não daria essa declaração porque está “maduro”. “Eu tenho mais de 20 anos de vida pública. Eu já aprendi muito. Eu já tive aquela minha fase de deputado muito jovem, recém estreante, que era duro, radical, que subiu na tribuna da Câmara para dizer que ia dar uma surra no ex-presidente. Isso foi uma fase, quando eu tinha 20 poucos anos. De lá para cá, eu amadureci muito”, pontuou.

Nacionalização – Especialistas divergem sobre se será possível evitar a nacionalização da eleição estadual neste ano. Diretor do instituto Quaest Consultoria e Pesquisa, Felipe Nunes acredita que ACM Neto pode ter êxito na estratégia de não nacionalizar a eleição no estado. “Se o eleitor da Bahia quiser um governador que resolva seus problemas, independentemente de quem é o seu aliado para presidente, ACM pode ter bom desempenho. Será a guerra de narrativas eleitorais que facilitará ou dificultará o êxito desta estratégia”, avaliou Nunes, que é professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Já o cientista político Antonio Lavareda acredita que as eleições de 2022 serão “extremamente” nacionalizada. “Os especialistas chamam de efeito topdown. O efeito sempre é maior de cima para baixo. A eleição presidencial afeta muito mais a eleição governamental do que vice-versa. Os candidatos a presidente se preocupam de ter candidaturas nos estados não porque os candidatos nos estados vão carrear a campanha deles. É muito mais para se valer da rede capilaridade de candidatos competitivos nos estados”, disse ele, em entrevista à rádio Metrópole.Foto montagem, reprodução. Tribuna da Bahia.