quinta-feira, novembro 21, 2024
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“LÍDER ÀS AVESSAS…!”: Economistas e políticos criticam fala de Bolsonaro de que o país estaria “quebrado”

Economistas e políticos repercutiram a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que o Brasil estaria ”quebrado”.  Segundo Bolsonaro, em conversa com apoiadores nesta terça no Palácio da Alvorada, o país enfrenta dificuldades em fechar as contas e citou como exemplo “dificuldades” em propor mudanças na tabela do Imposto de Renda.

“O Brasil está quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do imposto de renda, tá, teve esse vírus, potencializado pela mídia que nós temos, essa mídia sem caráter “, disse o presidente a um apoiador.

O ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, admitiu que o país vive uma grave crise fiscal, mas que “está longe de estar quebrado”. 

“Não dá para dizer que o Brasil está quebrado. O país vive uma situação de crise fiscal grave, que pode levar à insustentabilidade da dívida pública. Mas está longe de estar quebrado.”, avaliou o ex-ministro. 

O economista Armando Castelar, do Ibre/FGV, refutou a ideia de que as finanças do governo impedem que Bolsonaro reformule a tabela do Imposto de Renda. Para o economista, o governo tem alocado recursos em outras áreas,  e que se trata de uma questão de prioridade. 

“Outras prioridades foram escolhidas pelo presidente. Houve investimentos em Defesa, acabou de criar uma estatal (NAV Brasil, de navegação aérea), retroagiu na privatização da Ceagesp (entreposto de alimentos de São Paulo), tem défícit e consome recursos do governo. Ele abriu mão de usar o dinheiro no IR para cobrir o prejuízo”, destacou Castelar. 

De acordo com o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, o país tem uma “dívida difícil de pagar”, mas crê que Bolsonaro se utilizou de retórica ao afirmar que o país estava “quebrado”. 

“Tecnicamente o conceito de “país quebrado” é muito complexo. Acho que o presidente usou de retórica para alertar que o país não vai conseguir aumentar os gastos públicos porque senão pode ficar insolvente.”, disse. 

“Acredito que o discurso dele tem mais esse sentido. O fato é que temos uma dívida difícil de pagar. O Brasil encerra o ano com uma dívida equivalente a 90% do Produto Interno Bruto (PIB), o que é um nível bastante elevado para uma nação emergente. Portanto é uma situação delicada.”, endossou Camargo. 

Pega mal com investidores

Maílson da Nóbrega acredita que a fala de Bolsonaro prejudica a imagem do país junto a investidores internacionais e que o presidente não deveria reclamar por ter tido “azar” em administrar o país durante  a crise instalada pela pandemia do novo coronavírus.

“O presidente Bolsonaro teve o azar de estar no poder durante uma das piores crises sanitárias da história. Sua atitude não deveria ser reclamar, pois isso pode piorar a situação. Imagine os credores internacionais do país ouvindo do presidente que o país está quebrado.”, afirmou. 

“É uma reação emocional do presidente, que acaba sendo prejudicial ao país. Todos os governos enfrentam problemas para tocar sua agenda. O governo Bolsonaro não é o primeiro e nem será o último a ter problemas. O papel do governo não é externar suas insatisfações em relação ao Congresso, mas articular e formar uma base parlamentar para ter suas propostas aprovadas.”, finalizou. 

Outros buracos

A economista Miriam Leitão acredita que o governo não tem “uma agenda clara” para recuperar a economia e que tem tido dificuldade em controlar as contas públicas.

“O presidente também tem tido dificuldades para fazer privatizações e controlar as contas públicas, cujo déficit foi agravado pelos gastos para o combate à pandemia, que já matou mais de 196 mil pessoas no Brasil.”, pontuou. 

“Faltam recursos para investir em obras públicas, outro plano que enfrenta limitações para sair do papel. Empresários e investidores cobram uma agenda clara do governo sobre sua estratégia para recuperar a economia em 2021.”, afirmou. 

Campo político

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou como “muito grave” a fala do presidente de que “não consegue fazer nada”. 

“Agora a gente está vendo que o governo preferiu parar os trabalhos no Congresso e falar essa coisa mais absurda: com o poder que tem, com a responsabilidade que um presidente tem, dizer que nada pode ser feito. É muito grave”, disse Rodrigo Maia.

Em postagem em uma rede social, Guilherme Boulos (Psol-SP) lembrou que Bolsonaro tirou 17 dias de férias “durante a maior crise do século” e que só voltou ao Palácio do Planalto para “reafirmar sua incompetência”. 

Boulos sugeriu que o presidente “entregasse o cargo” de presidente, porque, de acordo com o psolista, seria “mais útil para o país”. 

“Depois de 17 dias de férias durante a maior crise do século, Bolsonaro volta ao Palácio do Planalto para reafirmar sua incompetência. Ele seria muito mais útil ao país se entregasse o cargo.”, escreveu Boulos em sua conta no Twitter. 

A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB-BA) afirmou, em sua conta no Instagram, que as “ações negacionistas” do presidente só fazem “afundar nosso país”. 

“Se o presidente diz que não consegue fazer nada pelo Brasil, então porque não renuncia? Suas ações negacionistas só fazem afundar nosso país ainda mais”, escreveu a deputada. 

Promessa não cumprida

Uma das promessas de campanha, a ampliação da isenção do Imposto de Renda nunca saiu do papel. Em 2019, o presidente chegou a dizer que a ampliação estava sendo estudada pelo governo, mas não houve avanços. Pré-título, aspeado, tvsaj. Imagem e texto, A Tarde.

 

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