No momento da discussão entre Ramírez e Bruno Henrique, aos 20 minutos do segundo tempo, o Bahia vencia o Flamengo por 3 a 2 – o jogo acabou com vitória rubro-negra por 4 a 3. A troca de farpas é posterior ao momento em que Gerson afirma ter sido chamado de “negro” por Ramírez, o que ocorreu aos 6 minutos do segundo tempo, quando o placar era de 2 a 1 para o Flamengo.
– É importante lembrar que esse suposto fato de injúria racial de Ramírez em Bruno Henrique seria após toda a confusão e toda a acusação que ele já sofreu do primeiro caso com Gerson. Imaginemos aqui que depois de toda aquela confusão, de ele ter sido acusado de injúria racial, o jogo retoma e ele faz novamente. Se a gente confirmasse isso, naturalmente, seria algo muito assustador. Entendo como improvável que tenha acontecido não só pelos laudos, mas pela circunstância do jogo e do ser humano em uma situação de pressão como aquela – afirmou o presidente do Bahia.
Na terça-feira, o ge consultou três especialistas em leitura labial: Luis Felipe Ramos Barroso, Felipe Oliver e Mikel Vidal, os dois últimos do Ines (Instituto de Educação de Surdos), que produziu o laudo para o Flamengo. Os três afirmaram que Ramírez disse “fala muito, seu negro” na direção de Bruno Henrique durante a discussão.
Eduardo Llanos, um dos especialistas consultados pelo Bahia, diz que descarta a hipótese de que o colombiano tenha dito a palavra “negro” ao atacante do Flamengo.
– Junto com a fonoaudióloga forense, que é especialista em leitura labial, foi constatado tecnicamente que não existe a palavra negro em nenhuma das frases faladas pelo Ramírez na discussão. Não existe. O que acontece é que você observa a forma de colocar os lábios, a projeção da boca, tudo isso vai entregar uma palavra similar ou uma que você precisa encontrar. Mas não tem indícios de ele ter falado essa palavra. A palavra negro não existe em nenhuma palavra emitida pelo jogador.
– Vim falar sobre o ocorrido, mas não vim falar apenas sobre mim. Falo pela minha filha, que é negra. Pelos meus sobrinhos, que são negros. Meu pai, minha mãe, amigos… por todos os negros. Hoje tenho status de jogador de futebol e voz ativa para falar e dar força a quem sofre racismo ou outros tipos de preconceito – disse Gerson. Imagem topo: Ramírez faz gesto com as mãos para Bruno Henrique durante a discussão — Foto: Reprodução. Bahia Noticias