Jair Bolsonaro e Michelle ‘entre quatro paredes’: André Marinho revela o que viu

André Marinho, que esteve bem próximo da família Bolsonaro na campanha presidencial de 2018, revelou o que testemunhou no livro recém-lançado “O Brasil Não É Uma Piada”.

Em entrevista à IstoÉ, o comunicador comentou o motivo de seu rompimento com o núcleo político e revelou detalhes sobre o presidente entre “quatro paredes”, além de destacar uma passagem, que considera a mais marcante do livro, envolvendo Michelle Bolsonaro.

“O lançamento do livro teve o único objetivo de trazer relatos fiéis dos bastidores da política nacional. Como fui testemunha ocular de inúmeros episódios surreais que envolveram a campanha à presidência de Jair Bolsonaro, decidi compartilhar esse momento, que certamente faz parte da história política do nosso país”, explica Marinho, que nega qualquer “interferência” externa no lançamento da obra.

“Assim como aconteceu com muitos brasileiros, talvez, o que me faltou, até por ter vivido de maneira muito próxima de Jair Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2018, foi a malícia ou até mesmo uma dose de cinismo ou desconfiança. O que sempre digo é que, quando o poder fala mais alto, muitas promessas são feitas e muitas bobagens são ditas, e, no fim, isso resulta em consequências que seguem o mesmo norte”, pondera, sobre seu afastamento do presidente.

“Posso dizer que houveram motivos (para o rompimento) e, ao mesmo tempo, não teve motivo nenhum. Era um fato já previsto, pois eu e minha família tivemos um encontro casual e breve, por conta de uma ação específica. De qualquer forma, haveria esse distanciamento após a campanha de 2018. Não tínhamos a comunhão plena de ideias e nem de princípios. Naquele momento havia um contexto político que favorecia aproximações e isso se dissipou digamos que naturalmente, sem nenhum conflito de fato ou cobrança da nossa parte. Ressalto que nosso rompimento se consumou antes mesmo da posse em 2019 e, agora, não vamos ao velório em 2023”, ironiza, sobre a passagem da faixa presidencial na posse de Lula, em 1° de janeiro.

O comediante ainda narrou um dos momentos mais marcantes desse período. “Foi certamente a imitação que a primeira-dama me pediu para fazer de Jair Bolsonaro, quando o mesmo havia sofrido uma tentativa de assassinato. Quando conto, as pessoas parecem não acreditar, mas é 100% verídico e eu realmente, a pedido dela, imitei a voz do então candidato à presidência na época com o objetivo de acalmar Michelle em seu desespero temendo pela vida do marido”, lembra.

Questionado sobre episódios machistas ou sexistas por parte do presidente, que foi acusado pelo ex-aliado e deputado federal Julian Lemos de violência doméstica, o autor foi breve.

“Tive a oportunidade de me manter próximo tanto de Jair Bolsonaro quanto de sua esposa Michelle, além de seus filhos. O líder que conhecemos na mídia é o mesmo que vive entre quatro paredes ao lado dos familiares, então, independente do que vi e ouvi, os brasileiros já conhecem seu jeito de ser”, diz.

“Digo que ‘O Brasil (Não) É Uma Piada’ é um livro que confronta algumas tendências que são pautas do debate público no Brasil e no mundo. Tento falar sobre diversas questões sobre o limite do humor, a política como entretenimento, identitarismo, etc. Aqueles que defendem o politicamente correto são convidados a rever seus conceitos, pois o efeito colateral desses movimentos é a
apropriação do debate ético, das pautas progressistas e liberais, e a exclusão de quem porventura tenha opinião diferente. Enfim, opiniões diferentes que sempre resultam em amenizar ou não o que hoje não mais se cabe. Vivemos em um mundo onde a mudança e a convivência com o “diferente” precisam estar dentro do contexto”, finaliza.