Greta está longe de ser um fantoche, apesar de muitas pessoas acreditarem que ela se presta a esse papel. A adolescente de 16 anos simboliza a chegada de um novo momento no mundo, quando vozes antes silenciosas reverberam mais do que aquelas autorizadas a falar. Foi uma ironia do destino a declaração de Bolsonaro e o título da Time.
Ao mesmo tempo em que Greta falava na COP25, criticando políticos e empresários que não protegem o meio ambiente, o Brasil assistia estarrecido ao discurso do ministro da Educação, Abraham Weintraub, reiterando que as universidades brasileiras são locais para plantação de maconha e que laboratórios seriam usados para produzir drogas sintéticas. E Weintraub insiste em colocar todas as instituições em um mesmo bojo, sem apresentar qualquer prova. Ele acredita ser uma Greta. Não chega a ser ela, nem o Touro, muito menos a “Menina sem medo”.
Pela lógica do ministro da Educação, o governo deve “desafiar o sistema” – apesar de criticar quem o faz. Talvez seja esse o argumento para manter Sérgio Camargo como presidente da Fundação Palmares. Depois de defender o fim do movimento negro e ser nomeado para presidir um órgão que tem por obrigação defender a cultura afro-brasileira, Camargo está com a indicação suspensa. Porém, por se tratar de uma prerrogativa do presidente Jair Bolsonaro, esse impedimento não deve durar. Outro momento em que o governo tenta ser a garota destemida e termina confirmando um vácuo cultural.Foto, Foto: AP Photo/ Mark Lennihan. Bahia Notícias.