A Advocacia Geral da União (AGU) pediu nesta quarta-feira (6) ao ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que reveja a decisão na qual mandou o governo entregar o vídeo de uma reunião citada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro na qual estavam o presidente Jair Bolsonaro e outros ministros.
O ministro da AGU, José Levi Mello do Amaral Junior, argumentou que, na reunião, “foram tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de relações exteriores, entre outros”.
Em depoimento à Polícia Federal, Sergio Moro afirmou que, na reunião do conselho de ministros de 22 de abril, Bolsonaro cobrou a substituição do superintendente da PF no Rio de Janeiro e do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, além relatórios de inteligência e informação da PF.
Na mesma reunião, segundo Moro, Bosonaro disse que, se não pudesse trocar o superintendente da PF do Rio de Janeiro, poderia trocar o diretor-geral e o próprio ministro da Justiça.
Essas reuniões eram gravadas e tinham participação de todos os ministros e servidores da assessoria do Planalto.
O que diz Bolsonaro
Nesta terça (5), Bolsonaro disse a jornalistas na entrada do Palácio da Alvorada, residência oficial, que não pediu nada “ilegal” a Moro.
“Ele [Moro] disse que eu pedi em uma reunião de ministros. Uma reunião de ministros. A gente ia pedir algo ilegal? Não peço ilegal nem individualmente, que dirá em forma coletiva”, afirmou Bolsonaro.
Demissão de Moro
Sergio Moro anunciou a demissão do Ministério da Justiça em 24 de abril.
Na ocasião, fez um pronunciamento no qual disse que Bolsonaro havia tentado interferir politicamente na PF ao cobrar a troca no comando da corporação. Desde o início, Bolsonaro nega.
Diante do que foi dito por Moro no anúncio de demissão, a Procuradoria Geral da República (PGR) pediu, e o STF autorizou a abertura de um inquérito para investigar as acusações.
Advogados em depoimentos
Em outra decisão, também dada nesta quarta-feira (6), Celso de Mello determinou que os advogados de Moro sejam informados, com 48 horas de antecedência, dos depoimentos de testemunhas no caso.
Celso de Mello também assegurou o mesmo direito ao presidente Jair Bolsonaro, “desde que assim o requeira”.