O presidente Donald Trump foi saudado por mais de 100 mil indianos no maior estádio de críquete do mundo nesta segunda-feira (24).
Em seu maior evento já realizado no exterior, o líder americano prometeu um “acordo comercial incrível” e “o equipamento militar mais temido do planeta”.
Indianos usaram máscaras de papel-cartão de Trump e chapéus com a frase “Namastê Trump” para recebê-lo no novo estádio próximo à cidade de Ahmedabad, no estado de Gujarat.
A região, no oeste do país, é o berço político do premiê indiano, Narendra Modi.
“Você prestou uma grande honra ao nosso país. Nós vamos nos lembrar de você para sempre, de hoje em diante a Índia terá sempre um lugar especial em nossos corações”, disse Trump.
A relação entre Índia e Estados Unidos não é apenas a de mais um sócio. É uma relação muito mais profunda e maior”, respondeu Modi ao presidente americano.
Trump anunciou que os dois países assinarão acordos nesta terça-feira (25): a Índia vai adquirir 24 helicópteros militares, em um gasto que deve ficar em torno de US$ 2,6 bilhões e deve definir os EUA como seu parceiro prioritário de defesa. Desde a Guerra Fria, a Índia obtinha equipamentos da Rússia.
As arquibancadas do estádio Sardar Patel estavam lotadas quando os dois líderes chegaram ao local.
As filas para entrar começaram durante a madrugada. Mas o forte calor durante a tarde provocou o abandono de quase metade dos espectadores antes do fim do discurso de Trump. O presidente ficou atrás de paredes de vidro blindado.
O comício “Namaste Trump” no estádio de críquete foi a resposta de Modi a um evento similar organizado em setembro em Houston, nos Estados Unidos, com o lema “Howdy Modi”.
O presidente americano visitou o ashram (local de meditação) de Gandhi e percorreu de limusine diversos pontos da cidade de Ahmedabad, decorados com imensas faixas de boas-vindas. Muitos indianos acenaram para o presidente americano durante o trajeto.
Em seguida, o presidente dos EUA seguiu de avião para Agra para visitar o Taj Mahal com sua mulher, Melania, antes de viajar para Nova Déli, onde ocorrerão reuniões e a assinatura de acordos.
Analistas não aguardam grandes anúncios durante a visita. Os dois países estão em uma guerra comercial desde o ano passado e no momento não se espera um novo pacto.
Washington critica o tradicional protecionismo comercial indiano e considera que as empresas americanas não têm acesso suficiente ao mercado do país asiático.
A Índia, que tem reforçado sua relação com os EUA nos últimos anos, é um dos poucos países onde Trump tem aprovação de mais de 50%.
Modi, um nacionalista reeleito em 2019 que levou o país para a direita, implantou políticas apontadas como autoritárias e preconceituosas contra etnias.
Ele realizou o evento para Trump como forma de mostrar que é um líder global. Já funcionários dos EUA descreveram a visita do líder americano como uma forma de tentar conter a influência da China no país.
Para os dois líderes é uma distração bem-vinda. Trump quer mudar de assunto depois do julgamento de impeachment, e Modi enfrenta protestos sobre uma nova lei de cidadania contrária aos muçulmanos que exacerbou as tensões entre a maioria hindu e a minoria muçulmana no país. Folha de São Paulo