Rede hoteleira fecha as portas, e Federação prevê futuro “sombrio” para o setor

De acordo com a Federação Baiana de Alimentação e Hospedagem, 95% dos hotéis da capital baiana estão fechados desde o início do mês

A rede hoteleira de Salvador praticamente paralisou as atividades em meio às medidas de restrição social para combater o coronavírus em todo o país. De acordo com a Federação Baiana de Alimentação e Hospedagem (FeBHA), 95% dos hotéis da capital baiana estão fechados desde o início do mês. 

Para reduzir os gastos, os hotéis estão dando férias de 15 ou 30 dias aos funcionários, e aqueles que estavam em período de experiência foram desligados.

A partir da segunda quinzena de abril, que começa nesta quarta (15), algumas empresas vão suspender os contratos dos funcionários, amparadas pela Medida Provisória (MP) 936.

De acordo com Silvio Pessoa, presidente da FeBHA, o turismo será um dos setores mais afetados pela pandemia, e tanto Salvador quanto a Bahia estão sofrendo as consequências.

“Noventa e cinco por cento dos hotéis estão fechados, sem nenhum hóspede, dentro de Salvador. E no estado também. Quando fala Salvador, fala Bahia, pode falar no Brasil inteiro. O turismo é o setor que mais vai demorar a se recuperar, porque você sabe que, quando a crise coloca a perna, lazer e viagens são os primeiros itens a ser cortados”, disse.

A primeira quinzena de março foi excelente para o setor hoteleiro, que caminhava para fechar o mês com, pelo menos, a mesma taxa de ocupação do ano anterior. Entretanto, após a confirmação do primeiro caso da Covid-19 na Bahia, no dia 6 de março, e as consequentes medidas de isolamento, os turistas desapareceram.

Entre os 25 maiores hotéis de Salvador, a média de ocupação no mês de março foi de 39,55%, número bem inferior aos 68,91% registrados no mesmo período do ano passado.

“Dos 25 maiores hotéis de Salvador, temos hoje somente cinco abertos e com menos de 10% de ocupação”, afirmou Silvio Pessoa.

De acordo com o presidente da FeBHA, a previsão para os próximos meses é “sombria”. Ele prevê a reabertura dos hotéis para julho, porém com a capacidade reduzida e com o fechamento de algumas unidades. Os bares e restaurantes também serão afetados.

“Os hotéis não vão abrir antes de julho. E vão reabrir com a capacidade reduzida para 20% ou 30% do total. Bares e restaurantes terão a recuperação um pouco mais rápida, mas acreditamos que, quando voltar a funcionar, 30% ou 40% fechem em definitivo. E hotéis vão fechar entre 10% e 15% antes de voltarem à carga”, disse.

Para Silvio Pessoa, a Bahia vai perder 70 mil empregos diretos relacionados a esses setores.

“Estimamos que os desempregos chegarão a 70 mil diretos na Bahia. Essas pessoas, a curto prazo, não vão recuperar sua fonte de renda. Então é um cenário sombrio com essa pandemia”, afirmou.

Como medida paliativa para ajudar a enfrentar a crise, ele pede ajuda dos governos municipal, estadual e federal.

“Estamos utilizando as medidas governamentais, mas precisamos de ajuda federal, estadual e municipal. Hoje, temos problemas com o IPTU que continua vencendo, os alvarás, impostos, ISS, Simples Nacional, ICMS. Temos grandes problemas”, disse. 

Rede hoteleira de Salvador está sendo afetada pela crise — Foto: Alan Oliveira/G1