Beber cerca de três litros de água por dia faz parte da rotina da assistente social Patrícia Regina da Silva, 45 anos, há pelo menos uma década, mas a pandemia de Covid-19 reforçou a importância desse hábito. No Dia Mundial da Água, comemorado hoje, seu relato ressalta o papel da hidratação no bom funcionamento do corpo, indo além do fundamental uso combinado com sabão para manter as mãos sempre higienizadas e combater o coronavírus.
Patrícia lembra que os médicos sempre recomendam um cuidado extra com a hidratação quando as pessoas estão com doenças das vias respiratórias, como a gripe, então acredita que o mesmo vale diante da Covid. Ela considera que estar hidratado não vai impedir a infecção, mas pode ajudar o corpo a combater o coronavírus para que não ocorra agravamento do quadro.
Com uma jornada de trabalho de 12 horas, dividida em dois lugares, ela sai de casa com sua garrafa de dois litros cheia de água filtrada e fervida. De noite, em casa, não relaxa na hidratação. Ela conta que o cuidado adicional de ferver o líquido foi recomendado para garantir maior eliminação de micro-organismos. Por já ter apresentado cálculos renais, o médico contraindicou o consumo de água mineral para ela. Por muito tempo, Patrícia só bebia água quando realmente sentia sede, o que favoreceu o desenvolvimento dos cálculos.
Mas a mudança da sua relação com a ingestão de líquidos não foi motivada pelo problema de saúde, mas sim pela reeducação alimentar iniciada tempos depois, no Vigilantes do Peso. Hoje, ela afirma que se passar um dia sem hidratação adequada, logo sente dor de cabeça. Por outro lado, os ganhos da hidratação são visíveis para a assistente social, não só no controle do peso. “Meu intestino funciona melhor, a minha pele ficou melhor, menos ressecada, até minha esteticista falou que fica com mais vivacidade”, comenta.
Para a empresária Meiriane Silva, 47, o consumo adequado de água só virou preocupação após ter cálculos na vesícula, embora confesse não saber se há uma relação entre o problema e falta de hidratação. O certo é que o diagnóstico foi o ponto de virada para deixar de esperar o corpo avisar que precisava de água e garantir o consumo de pelo menos dois litros diários.
Tudo começa ainda no quarto, para onde Meiriane leva uma garrafinha de noite, uma forma de garantir que beber água será sua primeira ação do dia. “Tenho me policiado para beber (água) antes das refeições, tanto para ajudar na digestão, quanto para aumentar a saciedade”, conta.
Sua ingestão de líquidos ainda é complementada por sucos e frutas ricas em água. Embora a hidratação fosse um ponto central mesmo antes da pandemia, ela percebe que trabalhar em casa ampliou suas possibilidades de autocuidado, então tem se alimentado de forma mais saudável e feito atividade física de segunda a sexta-feira, em casa, com um instrutor que atua de forma remota.
Funções
Membro do Conselho Regional de Nutricionistas da 5ª Região (CRN-5), Luciana Labidel dos Santos explica que a água tem três funções fundamentais no organismo humano: controle da temperatura corporal, transporte de substâncias para as células e na eliminação de toxinas por meio da urina e do suor. A conselheira do CRN-5 ressalta que o papel da água no transporte das substâncias é fundamental para a absorção de nutrientes, mas é comum que as pessoas se concentram apenas na ingestão deles por meio dos alimentos.
Sem hidratação adequada, o nível de absorção tende a ser reduzido, alerta. O consumo ideal de água, em uma orientação nutricional personalizada, será definida com base no peso do indivíduo, diz Luciana. Mas, em linhas gerais, pessoas adultas devem ingerir de dois a três litros de líquido por dia, sendo que pelo menos 50% do total deve ser água pura, esclarece.
Enquanto crianças vão precisar de menos líquido e os idosos devem consumir mais do que os adultos. Conforme a nutricionista explica, quando sentimos sede é porque o corpo já está sentindo falta de água, portanto o ideal é ingerir líquidos mesmo sem essa demanda.
“A pessoa tem de se policiar para ir bebendo água ao longo do dia”, defende. Para não esquecer, ela sugere o uso de aplicativos que fazem esse “acompanhamento” ou uso de alarmes personalizados no celular. Luciana esclarece que em locais com abastecimento regular, a filtragem da água geralmente é suficiente para garantir sua adequação ao consumo, mas onde ocorrem problemas no fornecimento, a recomendação é ferver antes do uso. A nutricionista lembra que se a água apresentar cor, odor ou sabor, qualquer característica incomum, não deve ser consumida.
Foto Ueldel Galter, A Tarde.