Apesar de muita gente ignorar os fatos que antecederam a Proclamação da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, as guerras travadas em solo baiano foram decisivas para a consolidação da liberdade em relação ao domínio colonial. Sete meses antes da famosa cena que habita o imaginário nacional, supostamente protagonizada por D. Pedro às margens do rio Ipiranga (SP), Cachoeira e São Félix, Salvador e Itaparica já se movimentavam para expulsar as tropas portuguesas, o que aconteceu apenas em 2 de julho de 1823.
Para celebrar o bicentenário da Independência da Bahia, a Associação Bahiana de Imprensa vai promover, com o apoio do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, o seminário “A imprensa e a Independência do Brasil na Bahia”, nos dias 14 e 15 de junho, das 14h às 17h. O evento gratuito e aberto ao público acontece no Auditório do IGHB, na Piedade, Centro de Salvador.
Em uma programação de dois dias, pesquisadores, professores e jornalistas propõem um diálogo com o público baiano sobre os desdobramentos dos conflitos e suas personagens mais marcantes, sobretudo as que desempenhavam atividades de imprensa.
“Montamos uma programação especial para celebrar o nosso povo e sua luta para libertar o país do jugo português. Não podemos esquecer de personagens emblemáticos nas batalhas pela Independência. É preciso saudar a memória dos combatentes, sejam os guerreiros e guerreiras ou os intelectuais que se articularam através da imprensa baiana”, afirma Amália Casal, 1ª secretária da ABI e coordenadora do evento.
A abertura do seminário, no dia 14, ficará a cargo de Ernesto Marques, presidente da ABI, e Joaci Góes, presidente do IGHB.
A primeira palestra, “O periodista Cipriano Barata e a Constituição Gaditana no processo da Independência”, será comandada por Jairdilson da Paz Silva, doutor em História pela Universidade de Sevilla. “Jornalista, panfletista, político e, sobretudo, um revolucionário nas ideias e ações, o deputado eleito pela Província da Bahia, Cipriano Barata, matizava em seus discursos parlamentares a questão premente no liberalismo luso-brasileiro, a definição da cidadania liberal na Constituinte”, explica o professor. “A Liberdade buscada por Barata se coadunava à recém-inaugurada liberdade de imprensa que a adoção e juramento da Constituição de Cádiz proporcionava.”
“Maçonaria e imprensa: redes intelectuais na Independência do Brasil na Bahia (1822-1823)” é a proposta de Pablo Iglesias Magalhães, doutor em História Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e professor da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). O docente abordará a introdução de redes de sociabilidade maçônica, a partir de 1802, sua influência no estabelecimento da imprensa e nas transformações políticas que conduziram ao processo de Independência do Brasil na Bahia.Foto divulgação. A Tarde