MP investigará se Carlos Bolsonaro se beneficiou de ‘rachadinha’ após laudo comprovar prática no gabinete do vereador

A investigação sobre 'rachadinha' foi iniciada com base em uma reportagem publicada pela revista "Época" em 2019

Uma movimentação financeira investigada pela 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) comprovou que Jorge Luiz Fernandes, chefe de Gabinete do vereador Carlos Bolsonaro desde 2018, recebeu um total de R$ 2,014 milhões em créditos provenientes das contas de outros seis servidores nomeados pelo filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A investigação, iniciada com base em uma reportagem publicada pela revista “Época” em 2019, apura a prática de rachadinha no gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

O levantamento autorizado pela Justiça fluminense também apontou que Fernandes usou contas pessoais para pagar despesas do filho “zero dois”. Agora, a 3ª Promotoria solicitou investigações complementares para o Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do MP-RJ para saber se esses pagamentos foram eventuais ou regulares, o que pode comprovar que Carlos Bolsonaro se beneficiou diretamente do desvio dos salários de seus servidores.

O laudo produzido pela investigação já é suficiente para imputar o crime de peculato ao chefe de Gabinete. Entre 2009 e 2018, Fernandes recebeu créditos dos seguintes funcionários: Juciara da Conceição Raimundo, Andrea Cristina da Cruz Martins, Regina Célia Sobral Fernandes, Alexander Florindo Batista Júnior, Thiago Medeiros da Silva e Norma Rosa Fernandes Freitas. Regina Célia é esposa de Fernandes e ele é cunhado de Carlos Alberto Sobral Franco, que trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro quando o ex-presidente era deputado federal.

O Laboratório de Lavagem investigou um total de 27 pessoas e cinco empresas ligadas a Carlos Bolsonaro. Quatro servidores, ouvidos pela “Época” em setembro de 2021, admitiram que não trabalhavam no gabinete de Carlos na Câmara do Rio, mesmo tendo sido nomeados e com os salários em dia.