Os alunos da Escola Municipal 22 de Abril participaram este mês da Mostra Pedagógica do Projeto Beiru/Tancredo Neves – Da Ancestralidade à Contemporaneidade. O projeto foi trabalhado na instituição de ensino ao longo do segundo semestre de 2024 com o objetivo de valorizar as riquezas culturais do bairro do Beiru/Tancredo Neves – localidade onde a escola funciona, entrelaçando a história local com as raízes africanas e indígenas.
“Uma das grandes ideias do projeto é que, ao pesquisarem sobre o bairro, os estudantes compreendam que aqui no Beiru não se resume à violência televisionada. Nós temos muitos artistas, muitas riquezas culturais. Nós temos aqui uma história potente de resistência e estamos no núcleo de um quilombo urbano”, ressalta a diretora Débora Carolina Belém.
De acordo com a vice-diretora Maiana Nery, para compor a mostra, os alunos estudaram sobre a origem do bairro do Beiru e tiveram a oportunidade de conhecer de perto artistas locais com suas histórias brilhantes trazendo muita representatividade para as crianças. “O Beiru tem muita gente de potência e carrega no nome a resistência de nosso povo. Todos os professores se engajaram grandemente e as crianças vibraram a cada descoberta”, conta.
Resistência – Além de ser um dos maiores e mais populosos bairros da periferia de Salvador, o Beiru/Tancredo Neves possui uma história de resistência negra importante de ser conhecida e valorizada pelos estudantes e por toda a comunidade escolar. A localidade está na mídia com frequência, por questões de violência e reflexos da desigualdade social que evidenciam os aspectos a serem revistos e melhorados pelas políticas públicas.
“Esta perspectiva valorativa visa além de endossar o conhecimento crítico-social, fortalecer o senso de pertencimento dos estudantes da Escola Municipal 22 de Abril, em sua quase totalidade moradores locais, a partir do conhecimento de histórias de luta, resistência e superação de outrora e atuais. Assim, fazem um paralelo entre passado e futuro de forma que as histórias esperançosas sejam reais entre o cotidiano e memória de nossos estudantes”, declara Maiana.
Na rotina escolar é crucial também, abolir a partir do conhecimento significativo toda e qualquer prática com base racista e de negativa de valores étnicos, principalmente no que tange a cultura afro-indígena. “É nesta perspectiva que o Beiru/Tancredo Neves foi eleito o objeto de pesquisa das crianças da nossa escola. Conhecer o nosso lugar de origem, e identificar suas riquezas culturais é um convite a mergulhar em nossas origens e potencialidades locais”, finaliza a vice-diretora.
Reportagem: Letícia Silva/Secom PMS