Por ANTONIO MASCARENHAS
O mês de abril foi o que registrou o maior número de mortes por covid-19, situação que leva o Brasil a ser a grande preocupação mundial, ao lado, agora, da Índia, levando-se em consideração que o processo de vacinação é lento e as medidas até então tomadas funcionaram, na verdade, como efeito “bumerangue”, ou seja, vai e volta.Foto Michel Dantas, AFP, Brasil de Fato.
No início da pandemia, países do mundo todo, dentre eles o Brasil, sofreram pelo desconhecimento dos meios necessários para conter a propagação do vírus. Falta de remédios, de máscaras, de álcool gel, de produtos para desinfecção foi uma tormenta. Com o passar dos tempos, milhares de vidas ceifadas.
Num segundo momento, vieram as paralizações do comércio e diversas atividades que, como aconteceram, aqui e acolá, deixaram lacunas profundas, contribuindo para a acelerada propagação do vírus. A economia “não podia parar”. Era o discurso predominante. Determinados municípios faziam barreiras enquanto a grande maioria não. Os decretos começaram a ser editados nos municípios, regulando horários de funcionamentos do comércio, bem como restrições à diversas atividades.
Muitos municípios fizeram antecipação de feriados, todavia, a população, indiferente a tudo isso, fazia aglomerações nas praias, nos condomínios, nos aniversários, etc. Ou seja, as “bolhas” protecionistas formavam-se numa localidade, todavia, abriam-se em outras. Culpa de uma parcela significativa dos governantes e, mais ainda, da população.
PAÍSES QUE FIZERAM LOCKDOW, DERAM-SE BEM
Barreiras, toques de recolher; restrições ao funcionamento de atividades não essenciais, aqui e acolá não surtiram efeitos desejados justamente por conta de procedimentos que não se alinhavaram nos 5.570 municípios brasileiros.
Essa coisa de uns fazerem contenção e outros não é que acabou provocando essa avalanche de casos de coronavírus, gerando esse genocídio de 400 mil pessoas mortas. Fica patenteado que faltou uma liderança maior.
Se, pelo menos três meses depois dos primeiros casos, fosse feito um lockdown geral, por 20 a 30 dias ininterruptos, com “trancamento” de aeroportos e demais meios de acessos ao país, a situação não seria tão devastadora.
ISRAEL
Em Israel, o país já vive o “pós-pandemia”. Enquanto o mundo registra recorde de casos da Covid-19, por lá, a situação caminha célere para a normalidade. Para se ter uma ideia, cerca de 80% da população recebeu a vacina. Segmentos econômicos voltam à normalidade; setor musical e de eventos já conseguem ver uma luz ao final do túnel. Máscaras não são mais necessárias, todavia, por questão de seguranças, determinadas pessoas ainda fazem uso delas. Foto print vídeo Youtube.
Por lá a população ainda não está totalmente imunizada, é bem verdade, todavia, as medidas adotadas pelo governo e o aceite por parte da população foi fundamental para o alcance desses resultados. A economia está otimista e a taxa de desemprego diminuindo gradualmente. Lá fez lockdown.
BRASIL
No resto do mundo, 219 países relatam pouco mais de 144,9 milhões de casos e 3,1 milhões de mortes. Na América do Sul, o país mais problemático, infelizmente, é o Brasil. Nesse último dia (30) do mês de abril, 14, 6 milhões de casos, com 403 mil mortes.
ABRIL 2021: 67.723 MORTES – CERCA DE 189 BOEINGS “CAINDO” COM 350 PESSOAS, CADA
Em qualquer país do mundo, a queda de um avião é sempre traumática e leva a população a ficar consternada diante de um acidente trágico. No Brasil, apenas nesse mês de abril, registro de 67.723 pessoas mortas pela Covid-19 (elevando para mais de 400 mil o número de vidas ceifadas) o que representa a “queda de 193 aeronaves com capacidade para 350 passageiros (cada)”. Ou seja, 08 acidentes por dia, ou, para sermos mais precisos, 1 a cada 8 horas. Foto, Ten Enilton/FAB.
Fonte: Agência Senado
É muita gente morrendo. Pessoas humildes, pessoas pobres mas, também, pessoas renomadas, artistas, empresários, pessoas ligadas à cultura, às artes. Enfim, de todas as esferas da sociedade. Não importa as origens ou situação econômica. São todos seres humanos. Vidas ceifadas não têm preço.
OS PERCALÇOS, NESSA TRAJETÓRIA
Não temos como nos orgulhar, do Brasil, infelizmente, no que tange às medidas de contenção ao coronavírus, por parte do governo federal que, nesse período, cometeu vários equívocos. Não importa quem seja ou de qual partido é. Falamos de uma conjuntura nacional. Foto Pedro Conforte, Plantão em Foco.
Pais que, desde o início da pandemia tratou a Covid-19 como mera “gripezinha” e o “timoneiro” vinha comparecendo, diariamente, em eventos públicos, sem máscaras, quando a situação exigia o uso desse equipamento de proteção por parte de toda a população.
Em pouco mais de um ano de pandemia, já estamos com o quarto Ministro da Saúde: Mandeta, Teich e Pazuello. Os dois primeiros pediram demissão, não pela incompetência, mas pela discordância com a política defendida por seus superiores, no combate ao coronavírus. O terceiro, demitido por conta da cobrança da sociedade. CPI instalada buscando apuração de irresponsabilidades cometidas nesse trajeto.
A SITUAÇÃO DE MANAUS
A população do Amazonas, e, em especial de Manaus, passou por situação muito difícil: falta de oxigênio nos hospitais para atendimentos aos casos mais graves do coronavírus. Alguns estados chegaram a enviar suprimentos para que a situação pudesse ser amenizada. Foto reprodução, Fala Universidades.
FALTA DE UMA LIDERANÇA MAIOR
Diante de tanto “bate-cabeças”, de tanta “mer…” que se fez, de tantos imbróglios cometidos, o resultado, infelizmente, não seria outro. Aquela velha história “aconteceu na casa do vizinho…!”, numa alusão às mortes do dia a dia.
Enquanto governadores e prefeitos, percebendo a gravidade da situação adotaram posturas corajosas no enfrentamento, infelizmente, por parte do governo federal, recusas, dificuldades de toda ordem, interpelações judiciais. E o resultado: “tá aí”
Quando quem tem que dar o exemplo, trilha em direção oposta, a coisa fica, convenhamos difícil de ser controlada. Os verdadeiros líderes são aqueles que ouvem as diversas vertentes e que assimilam tudo de bom que emerge dos mais experientes.
Agora, se você busca, enveredar-se, apenas e erroneamente, pelo viés da politicagem, acaba se perdendo. Política, no seu momento. A saúde perpassa a todas essas vaidades, a todos esses interesses. Um exemplo emblemático da teimosia foi o do ex-presidente Donald Trump nos Estados Unidos que acabou não se reelegendo, graças ao sectarismo ideológico, ao agir de forma ditatorial. Tanto lá, como cá, o discurso era de que a pandemia não era nada mais que uma “gripezinha”. Trump foi drasticamente penalizado nas urnas. Foto, Print vídeo Youtube.
MAS ATÉ QUANDO
Toda uma morosidade foi fundamental para que pudéssemos chegar a esse patamar nada invejável. Tendo em vista a lentidão do processo de vacinação, por certo milhares de vidas serão ceifadas. Uma conta que, convenhamos, não tem preço. Vidas são importantes, não apenas no seio familiar. Foto capa, Pac Log, divulgação.