A operação das polícias da Bahia e do Rio que resultou na morte do ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega trouxe um clima de thriller ao Twitter no domingo (9) da premiação do Oscar.
Acusado de liderar a mais antiga milícia carioca e grupo de matadores de aluguel conhecido como Escritório do Crime, Adriano era próximo aos acusados da morte da vereadora Marielle Franco e mantinha ligações estreitas com Flávio Bolsonaro, o filho Zero Um do presidente.
O economista e colunista da Folha, @JoelPinheiro85 resumiu com ironia o enredo de filme: “Bolsonaro já tem o seu caso Celso Daniel.”
Retuitando Pinheiro, o editor do @CanalMeio e colunista do @JornalOGlobo pediu o fim do suspense: @pedrodoria “É preciso fazer uma investigação independente. Suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle Franco. Ex-mulher e mãe trabalhavam no gabinete de Flávio Bolsonaro. Quando a polícia finalmente o encontra… mata.”
Não demorou muito para o representante legal de Adriano acrescentar novo ingrediente ao roteiro, tuitado no mesmo dia pela jornalista do site El País Brasil @carlajimenez9 “O advogado Paulo Emílio Catta Preta conta ter recebido uma ligação de Adriano da Nóbrega na última terça-feira, na qual ele dizia estar receoso de ser assassinado por ‘queima de arquivo’.”
E o cientista político e professor da FGV @claudio_couto comentou outro fato misterioso, o de Adriano estar escondido justamente no sítio do vereador Gilson Batista Lima Neto, o Gilsinho de Dedé, do PSL, partido pelo qual Flávio e Jair Bolsonaro foram eleitos em 2018: “O mundo é mesmo cheio de coincidências. O Brasil tem 33 partidos registrados no TSE, 24 na Câmara, 17 no Senado e 12 na Câmara Municipal de Esplanada, Bahia. Dos 13 vereadores da progressista urbe, só 1 é do PSL. Adivinha no sítio de quem foi achado o miliciano amigo dos Bolsonaro?”
Às autoridades, Gilsinho de Dedé jurou não saber que Adriano estava lá.
Como se não bastassem tantos pontos soltos em uma operação tão importante, a reportagem da Folha revelou mais uma incongruência: @scolese “Miliciano foi baleado e levado pelos agentes ao Hospital São Francisco São Vicente. Uma funcionária disse a @juliabarbon, da @folha_poder, que ele já chegou morto, diferentemente do que afirma o Governo da Bahia. A versão oficial é que ele chegou vivo.”
O pastor evangélico e deputado pelo PSC-RJ, @OtoniDepFederal, correu para pontificar: “Antes que a esquerda tente insinuar que o ex-capitão Adriano da Nóbrega foi morto por queima de arquivo por conta do caso Marielle, lembre-se que o governo da Bahia é do PT. Teria o PT algum interesse na morte desse miliciano? (Aproveito pra fazer minha insinuação provocativa).”
Seu colega de Câmara pelo PSOL-RJ, @50ChicoAlencar, insistiu: “Vi Bolsonaro, então deputado federal, vociferar, em 2005, contra a condenação do miliciano homicida Adriano da Nóbrega. Vi Flávio, seu filho, deputado estadual, condecorar o condenado e empregar sua mãe e sua ex-mulher. Ligações estreitas! Adriano sabia muito. A quem sua eliminação alivia?”
O ex-aliado, agora no PSDB-SP, @alefrota77, provocou, usando imagem do famigerado vídeo de Flávio Bolsonaro enxugando as lágrimas na bandeira nacional depois das acusações de rachadinha em seu gabinete: “Senador deve estar chorando a morte do amigo.”
Já o comentarista da @GloboNews lembrou a ambos os lados que verossimilhança não basta para se desvendar um mistério policial: @octavio_guedes “É hora de fazer perguntas e não de ter certezas absolutas. A minha: ‘Quem estava financiando a fuga do miliciano Adriano?’ Siga o dinheiro é regra de ouro em qualquer investigação.”
E O OSCAR NÃO VEIO
Muita gente ficou feliz – no Brasil – com o Oscar de melhor documentário para “Indústria Americana”, produzido pela Higher Ground, do casal Obama. A deputada federal pelo PSL-SP foi uma das que vibrou: @CarlaZambelli38 “O ‘documentário’ #DemocraciaEmVertigemFakeNews despencou! Junto com a credibilidade da turma da lacração. #PetraCostaLiar Foi superado sim: pela verdade. Ainda há bom senso na Academia. Vitória da verdade! Vitória para o Brasil! #Oscars”
Mas o correspondente para a América Latina do jornal britânico @guardian lembrou o que realmente importa aos olhos de um observador de fora: @tomphillipsin “Muito mais importante do que quem ganhou o Oscar de hoje: as perguntas sobre quem matou Marielle Franco e o que será dos povos indígenas do Brasil sob Bolsonaro.”
O ex-presidente @BarackObama foi à plataforma congratular a dupla de realizadores do documentário vencedor: “Parabéns a Julia e Steven, os cineastas por trás de Indústria Americana, por contar uma história tão complexa e comovente sobre as consequências humanas de uma mudança econômica devastadora. Fico feliz em ver duas pessoas boas e talentosas levarem para casa o Oscar para o primeiro lançamento da Higher Ground.”
Sobre o grande vencedor da noite, o sul-coreano Parasita, o crítico de cinema do jornal britânico @Telegraph, @robbiereviews, compartilhou o segredo da criatividade dado pelo diretor Bong Joon-ho: “Tento manter um estilo de vida muito simples. Tomo café, escrevo e tento não encontrar gente demais.”
HISTÓRIA DE UM CASAMENTO
A notícia de que o governador paulista, João Doria (PSDB), estaria se separando da mulher, Bia, após 27 anos de união, deixou a deputada estadual pelo PSL-SP @JanainaDoBrasil inconformada: “Durante a campanha, depois de um vídeo indecente em todos os sentidos, o então candidato veio a público, ao lado de uma esposa visivelmente abalada, jurar ter um casamento sólido, ser pai de três filhos e, em resumo, ser um bom pai de família. Os votos foram dados ao casal!”
ÁGUAS VÃO ROLAR
Diante da megaenchente que paralisou São Paulo nesta segunda-feira (10), um velho conhecido da cidade —submerso por condenações por desvio de verbas, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica— ressurgiu no Twitter, com a desenvoltura habitual:
@paulosalimmaluf “Saudades da época em que se trabalhava em São Paulo, hoje só se fala mal e não trabalham. Paulo Maluf fez diversos piscinões, deixou em projeto outros vários e que infelizmente administrações posteriores não deram seguimento.”Ivan Marsiglia