Em texto assinado por um conselho editorial, o jornal norte-americano “The Washington Post” afirmou que o presidente Jair Bolsonaro põe vidas em risco ao minimizar a pandemia de novo coronavírus coronavírus. O texto também sugere que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aconselhe o aliado no Brasil.
Bolsonaro já havia sido criticado em outro editorial, do britânico “The Guardian”, em 31 de março. O jornal disse que o presidente brasileiro representa “um perigo para os brasileiros”.
O “Post” colocou Bolsonaro como o pior entre os governantes que, na visão do jornal, vêm desdenhando das potencialidades da pandemia do novo coronavírus. Os outros países são Turcomenistão, Belarus e Nicarágua — país onde o presidente está há 32 dias sem aparecer publicamente em plena crise.
“Quando as infecções começaram a espalhar no país com mais de 200 milhões de pessoas, o populista de direita chamou o coronavírus de ‘gripezinha’ e pediu que os brasileiros ‘enfrentassem o vírus como homem, não como moleques'”, diz o texto.
“Pior, o presidente [Bolsonaro] tem repetidamente tentado enfraquecer os esforços tomados pelos 27 governadores para conter a epidemia”, afirma o “Post”, em editorial.
O jornal menciona as pesquisas que mostram a alta aprovação do Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pelo que chama de “ação convencional na crise”. Além disso, o editorial cita as ações tomadas pelos governadores e os panelaços nas janelas.
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“Mas [a ação do] presidente tem mostrado um efeito perigoso. Em São Paulo, a maior cidade e epicentro da pandemia do país, dados de celulares rastreados mostram que apenas 50% da população de quase 13 milhões de moradores permaneceu em casa no domingo de Páscoa”, pondera o jornal.
Conselho de Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump, durante entrevista coletiva na Casa Branca, na segunda-feira (13) — Foto: Reuters/Leah Millis
No fim, o conselho editoral do “Post” sugere que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aconselhe Bolsonaro. “Enquanto os EUA pouco têm sido um líder mundial em parar o vírus, o país obteve melhor performance desde que o presidente Trump deixou de lado sua retórica no mês passado e passou a apoiar os esforços de contenção recomendados por profissionais de saúde”, afirma o texto.
“Ele [Trump] poderia fazer um grande favor ao telefonar para o Sr. Bolsonaro, que tem sido um aliado político, e pedir que ele faça o mesmo”, acrescenta. Globo.