Com quatro decretos, Bolsonaro facilita aquisição e uso de “armas”. Por outro lado, na “batalha” contra o coronavírus…!

Por ANTONIO MASCARENHAS

Nos diversos rincões do planeta, a grande preocupação tem sido o enfrentamento da Covid-19, de maneira que milhares de vidas deixem de ser ceifadas, no dia a dia, até que a cobertura vacinal possa, deveras dar um freio nessa avalanche. 

Paralelo a isso, os diversos gestores, mundo afora, continuam envidando esforços para que a crise econômica possa,  a curto e médio prazos, ser minorada, de maneira que  a vida possa voltar à normalidade.

Acontece que, em pouquíssimos países, preocupações dessa magnitude, pelo menos nas cabeças de alguns gestores, passam “desapercebidas”. Eo que é pior:  tripudiaram acerca da gravidade que assola a população a ponto de, no início da contaminação do coronavírus e, mesmo depois de milhares de vidas ceifadas, tratar a questão como mera “gripezinha”. Acontece que, infelizmente, um deles já foi penalizado com a não reeleição no comando do seu país.  

AS “ARMAS” CONTRA O CORONAVÍRUS

Mas, cá entre nós, é difícil entender a posição do governo brasileiro, não apenas no que tange à flexibilização no uso de armas por parte da população mas, mais ainda, o incentivo à sua aquisição, por segmentos da sociedade.

Seria o momento, sim, de “desensarilharmos” nossas “armas” para que, juntos, possamos vencer essa luta contra o inimigo invisível: o vírus. Não entendemos o porquê dessa obsessão em torno do armamento indiscriminado no seio de uma população que não está preparada para seu manuseio e que, na verdade, servirá de ponte àqueles que preferem gravitar fora da lei. 

MOTIVO PARA REGOZIJO?

“Bolsonaro é um defensor do armamento da população. Em janeiro, ele comemorou o aumento de venda de armas registrado em 2020.  O ano passado bateu o recorde de quase 180 mil novas armas registradas na Polícia Federal, um resultado influenciado pela política do governo Bolsonaro de facilitar o acesso a armamentos.

Levantamento da BBC Brasil mostrou que houve incremento de 91% nesses registros em relação a 2019, quando já havia sido contabilizado um forte incremento em relação ao ano anterior.

“Nós batendo o recorde no ano passado em relação a 2019, mais acho que 90% na venda de armas. Está pouco ainda, tem que aumentar mais. O cidadão de bem muito tempo foi desarmado”, disse o presidente em janeiro.

Em reunião ministerial de 22 abril do ano passado, Bolsonaro declarou querer “todo mundo armado”.

“Eu quero todo mundo armado. Que povo armado jamais será escravizado”, afirmou o presidente na ocasião.”

NECESSIDADE DE REFERENDO POPULAR

No nosso entendimento, medidas dessa magnitude deveriam passar por um plebiscito, por um referendo popular. Os diversos segmentos da população deveriam ser ouvidos, de maneira que prevalecesse o interesse da maioria. 

Caso contrário, as decisões acabam sendo eivadas a partir de caprichos pessoais e isso não é nada bom para um país que se diz democrático. Não é nenhum demérito aos gestores, em todos os níveis, reverem suas decisões. Submetê-las ao crivo popular. Só assim teremos uma nação democrática e, verdadeiramente, construtivista. Mas ainda está em tempo para que os caprichos individuais possam dar lugar às decisões que brotem do consenso. 

MISSÃO DA IMPRENSA PEREPASSA A OBTENÇÃO DE CLIQUES:  O DESPERTAR DA REFLEXÃO

Entendemos que a função precípua da imprensa não é a de buscar, apenas, cliques, através de reportagens. Longe disso. O objetivo da imprensa perpassa a essa questão: tem a missão de suscitar, no seio da população a imperiosa necessidade de reflexões.

Torcemos, evidentemente, para que o governo dê certo, por outro lado, não temos que ficar dando “amém” a tudo que acontece em nossa volta. Não nos interessas cores partidárias. Não nos interessas nomes que figurem no comando das instituições. Mas, sim, os interesses da nação. Imagem, O Cngresso em Foco.