“As festas maiores como Dia das Crianças, Natal, Carnaval, são festas que a gente procura integrar os serviços. Pelo fato de o Cepred ter uma dimensão maior, a gente tenta unir os serviços de reabilitação intelectual, auditiva e física para a gente fazer uma comemoração compartilhada”, explicou Ana Letícia Cordeiro, coordenadora da reabilitação intelectual.
Segundo a terapeuta ocupacional, além de servir como espaço lúdico e de integração, eventos como este ajudam também na avaliação da evolução dos usuários. “O objetivo mesmo ver como é que essas crianças estão se integrando, como elas brincam, como é a qualidade do brincar, como é que a mãe está vendo esse processo, como ela lida com o brincar das crianças. Os terapeutas também se envolvem na observação da família com a criança e também se integram, então, é uma festa onde além da gente estar vivenciando entre colegas, também é uma oportunidade de ver como as crianças e familiares estão no processo e no mundo”, pontuou Cordeiro.
São vários os exemplos exitosos do processo de reabilitação no Cepred. Um deles é Adriel Levi, um menino de dois anos e quatro meses de idade, diagnosticado com paralisia cerebral, que junto à mãe, Larissa Pita, participou da festa de Dia das Crianças.
“Eu cheguei aqui através do posto. A médica que atendia Levi desde a gestação viu que ele precisava passar pelo neuropediatra. E aí ela me auxiliou, me deu na requisição, conseguiu agendar tudo certinho pra mim e eu vim em dezembro do ano passado. Eu tenho que agradecer muito a Deus, porque o meu filho não tinha muita firmeza, o Levi não tinha o tato, não ficava em pé só, e, para a glória de Deus, através das meninas aqui do Cepred, o Adriel Levi está desenvolvendo bastante. Ele já fala ‘mamãe’, fala ‘papai’, pede água, fala ‘me dê’, então está desenvolvendo”, relatou Larissa.
Mãe solo, ela conta que a assistência foi crucial também para que pudesse se equilibrar emocionalmente. “As meninas me abraçaram e me auxiliaram também, porque o meu psicológico também não estava bem, sou mãe solo, né? É só eu e Levi e Levi e eu. Graças a Deus, só tenho que agradecer. E eu creio que mais adiante eu estarei falando ‘meu filho está andando’, para a glória de Deus”, acrescentou Larissa Pita, animada com a evolução do pequeno Adriel Levi.
Hoje mais fortalecida, ela contou também sobre o desafio que enfrentou até conseguir socializar com o filho. “Eu amei a festa. Antes eu não costumava participar, porque eu pensava que como Adriel não andava e não sentava, eu achava que não devia fazer parte dessa realidade. Mas aí eu falei ‘não, eu posso sim fazer parte dessa realidade, porque meu filho é uma criança, independente do diagnóstico. Eu abri minha visão e passei a ir a lugares com meu filho para ele se divertir, se distrair”, concluiu.
Outro caso semelhante é o de Ana Luiza, uma menina de 6 anos de idade, com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que há cerca de quatro meses iniciou a reabilitação no Cepred, proporcionando uma mudança de vida para toda a família. “Ela falava tudo embolado, agora está falando mais explicado. Ela está mais tranquila, a agressividade que ela tinha antigamente não está mais com tanta intensidade, ela agora quer brincar com as crianças, coisa que antigamente ela não fazia”, comemora a mãe, Mércia Rendal.
Mãe de Lorenzo e moradora de Pojuca, Leilane Gaspar da Silva também tem uma história de superação e esperança para contar. Logo após o nascimento do filho veio o diagnóstico de deficiência auditiva, através do teste da orelhinha. Por indicação médica, ela recorreu ao Cepred, quando Lorenzo tinha dois meses de idade.
“Com a requisição, eu vim e fiz a inscrição dele. Aí elas me atenderam logo, fizeram vários testes e indicaram o aparelho auditivo. Como ele era bebê, se mobilizaram rápido, porque tem que ser com precocidade, por causa da plasticidade do cérebro. E aí Lorenzo usou aparelho auditivo até um ano e três meses, depois vieram novos testes que comprovaram que não ia ser suficiente para a fala dele. Então, a gente interveio com uma cirurgia de implante coclear. Lorenzo começou a ouvir com o implante em pouco tempo, e uma semana depois ou duas ele já estava chamando ‘mamãe’”, lembra Leilane, que mesmo residindo em outro município continua viajando semanalmente a Salvador para dar continuidade à reabilitação do filho.
Animada com a festa de Dia das Crianças, ela também vê em eventos como este um espaço saudável de socialização e construção de afetos. “Achei maravilhoso, porque é uma oportunidade para fazer vínculos com outras crianças, brincando. E aí já é uma forma de estimulação. E é um espaço de interação para mim também, tenho feito amizade com outras mães, com a equipe. Conheço várias mães e estou em um grupo chamado ‘Mães que ouvem’, onde a gente troca experiências. É muito bom mesmo, eu só tenho a agradecer”, concluiu.
Fonte: Ascom/Sesab