A Casa da Mulher Brasileira (CBM) completou 1 ano de funcionamento, nesta quinta-feira (19). Considerada referência no atendimento e fortalecimento dos direitos das mulheres vítimas de violência, a estrutura realizou quase 12 mil atendimentos.
Do total, 50,9% se declararam pardas ou negras, enquanto 9.088 mil mulheres relataram ter sofrido violência psicológica, uma das tipologias mais recorrentes. O aniversário da instituição foi marcado por uma programação especial no próprio espaço, onde as convidadas participaram de atividades de lazer, cultura e bem-estar, proporcionando momentos de troca de experiências e reflexão sobre temas essenciais ao universo feminino.
Egressa do Centro de Referência de Atenção à Mulher Loreta Valadares, que atualmente funciona na estrutura da Casa da Mulher Brasileira, Stael Kyanda Machado, 63 anos, faz questão de cultivar o elo com a instituição. Sempre presente nas atividades, atua como voluntária ajudando a cuidar de outras mulheres.
Além do depoimento de superação contido nas palestras que ministra para as assistidas, também contribui levando arte, através da literatura e poesia. “Fui cuidada e agora faço parte dessa equipe maravilhosa que apoia quem precisa, de uma forma tão bonita. Essa Casa deu muito certo. É um ano de vitórias. Desejo vida longa a essa instituição”, comentou.
Localizado na Avenida Tancredo Neves, ao lado do Hospital Sarah, a Casa da Mulher Brasileira integra serviços para atendimento e acolhimento de mulheres. A unidade conta com dez serviços públicos voltados para o combate à violência contra a mulher, dentre eles o suporte oferecido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), através do Loreta Valadares.
Redução – A titular da SPMJ, Fernanda Lordêlo, destaca o papel fundamental da CMB como um espaço de acolhimento, apoio e enfrentamento à violência contra a mulher, reafirmando o compromisso do poder público com a promoção de direitos e o fortalecimento da rede de proteção. “Estamos comemorando um ano de muitas vidas que foram salvas. Passaram pela nossa recepção quase 12 mil mulheres, o que é um dado significativo e que mostra o quanto esse equipamento é fundamental para vida das mulheres que vivem violência”, pontuou.
Para a gestora da pasta, o trabalho integrado realizado na CMB tem relação direta com a redução de mais de 50% do percentual de casos de feminicídio na capital baiana. “Esse é outro dado significativo, não é motivo de comemoração porque mulheres ainda morrem pelo fato de ser mulher, mas os números já mostram que tem sido feito um trabalho muito bom nesta Casa e nos demais Centros de Referência que temos em Salvador”, destaca Lordêlo.
A CMB conta com recursos como salas de atendimento em grupo e atendimento individual, psicólogas, assistentes sociais, salas de reunião e refeitórios, distribuídos em três blocos. “É um equipamento multidisciplinar com sistema de Justiça, acolhimento e possibilidade de resolver todas as questões relacionadas à violência. A mulher sai daqui bem orientada”, frisou a secretária.
Para a psicóloga Luíza Rodrigues, que trabalha na Casa desde a inauguração, o equipamento é vital para a garantia dos direitos das mulheres. “A vítima que sofre violência doméstica precisa de um refúgio, de um novo caminho e, por isso, estamos aqui. São muitos casos difíceis e sempre com muito sofrimento, mas muitas conseguem se libertar. E para nós é extramente gratificante fazer parte desse processo em que a mulher consegue se livrar do seu agressor”, afirma.
Funcionamento e serviços – A Casa da Mulher Brasileira oferece amparo às vítimas em todas as etapas do processo, desde o atendimento por meio da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), a unidade da Polícia Civil destinada a ações de prevenção, proteção e investigação dos crimes de violência doméstica e sexual.
Além disso, conta com juizados e varas especializados em Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, que são órgãos da Justiça responsáveis por processar, julgar e executar as causas resultantes de violência doméstica e familiar, conforme previsto na Lei Maria da Penha. Somados aos serviços encontrados no próprio centro, as mulheres têm ainda a possibilidade de fazer interlocuções com outras necessidades que tiverem. A Casa funciona 24 horas, nos sete dias da semana.