Imagine esse cenário: as avenidas Luis Viana Filho ou Antonio Carlos Magalhães em silêncio. Aposto que na imagem criada pelo seu cérebro, para que a remoção daquele barulho cotidiano ocorresse, os automóveis teriam que ir juntos. Mas, esse afago aos nossos ouvidos nos horários de pico em Salvador pode estar mais perto do que nunca. Pelo menos, é o que promete BYD, montadora de veículos elétricos que vai ser instalada no Polo Industrial de Camaçari. A ambiciosa promessa, no entanto, esbarra no preço dos automóveis.
A maior produtora de veículos elétricos do mundo, responsável por mais da metade da frota da China, vai assumir a planta que era da Ford e tem ambições altas ligadas ao meio ambiente, como diminuição de emissão de gases, investimento em energia solar e, é claro, o silêncio que parece impossível.
O diretor institucional da BYD, Marcello Schneider, mostra ambição com a chegada da BYD à Bahia. Em entrevista ao Metro1, ele disse que a instalação da fábrica deve organizar um movimento com potencial para ser o mais robusto plano de produção automobilística elétrica fora da China. Para o diretor, o Brasil como um todo tem competência de transformação rumo a uma “economia verde e sustentável”.
Entre as cláusulas previstas nesse plano de sustentabilidade, está a redução dos ruídos, que se baseia em estudos que revelam correlação entre o barulho provocado pelos automóveis – como de escapamentos e motores – e problemas de saúde.
“A BYD enxerga o mercado brasileiro como líder na América Latina e com enorme potencial. A eletrificação dos carros na China contribui para o silêncio e a eliminação de ruídos de motores ou do tráfego em geral. O trânsito no país passou por uma revolução literalmente silenciosa na última década. Repensar a utilização dos veículos e as leis antirruído das cidades e melhorar a proteção acústica dos prédios são soluções que podem garantir o bem-estar de todos”, afirmou o diretor institucional.
A meta da concessionária é, em cinco anos, estar entre as três maiores montadoras do Brasil, com uma entrega de 300 mil novas unidades por ano. Para isso, existe um grande desafio à vista: os valores de comercialização dos veículos. O modelo mais barato custa quase R$ 150 mil. Para a ampliação dos elétricos nas ruas, a empresa pretende contar com isenções do governo que abram espaço no bolso do consumidor final, tornando possível a expansão da eletricidade nas ruas.
“Recebemos a sinalização do empenho das diversas instâncias de governo – federal, estadual e municipal – no incentivo à eletrificação, quer seja com isenção de impostos, investimento na estrutura de recarga ou aquisição de frota. É importante que os incentivos não sejam só à indústria, mas também ao consumidor brasileiro”, concluiu Scheneider.
Foto: Feijão Almeida/Governo da Bahia. Metro 1