O Equador vive uma guerra. Na maior cidade do pais, Guayaquil, o serviço funerário entrou em colapso com os inúmeros casos de coronavírus. Corpos são vistos nas ruas. Segundo o governo, já são 191 mortes por causa do covid-19 e mais de 3.700 casos confirmados.
O brasileiro Gabriel Marques, jogador do Barcelona de Quayaquil, relatou o momento difícil vivido na cidade no restante do país.
– A situação aqui está muito feia. Muito complicada. As pessoas estão morrendo. Não está tendo como retirar os corpos das residências. Então, os familiares estão colocando os corpos na rua, no passeio, sem saber a causa, porque quando a pessoa morre não sabe se é por coronavírus ou por outro tipo de morte. Pessoas colocam fora de casa (os corpos) porque já não aguentam mais o cheiro da decomposição do cadáver. Colapsou tudo aqui, hospitais.
– Eu tive agora um companheiro do meu time que o pai está com o coronavírus. Ele tem chamado hospitais, ambulância, polícia, e nada, ninguém responde. É uma situação muito difícil que passa o Equador – contou Gabriel Marques.
Gabriel ainda se recorda de como a população não levou a sério as recomendações no começo da pandemia.
– Guayaquil, onde nós estamos, com minha família, é o lugar que mais tem contaminados. Foi o lugar também que não acatou as autoridades, não respeitou o ficar em casa. Eu lembro, 20 dias atrás, cancelou futebol, cancelou tudo, e pessoas continuavam andando na rua, sem proteção, sem usar máscara, sem usar luva, e aconteceu o que aconteceu.
– Eu tenho passado para os meus amigos, para meus familiares que estão no Brasil, para se cuidar muito. Esse vírus é um vírus que mata mesmo e que é muito perigoso. Escutei que o presidente falou que é uma gripezinha, escutei outras coisas, não é bem assim. O negócio é violento – disse Gabriel, de 32 anos, que no futebol brasileiro defendeu Ponte Preta, Campinas, Athletico e Paraná Clube.
Em Cuenca, a brasileira Erica Sena, profissional da marcha atlética, conta que governo tem feito de tudo para as pessoas ficarem em casa, como rodízio de veículos e até toque de recolher.
– Tem toque de recolher às 2h da tarde. Se for pego depois desse horário na rua é preso, e só pode sair de carro duas vezes por semana, através da placa eles controlam. E a entrada nos supermercados também é controlada pelo RG dos moradores. – explicou a atleta Erica Sena, da marcha atlética, que mora em Cuenca.
A situação de calamidade é tamanha que a cidade recebeu uma doação de mil caixões de papelão da Associação de Papeliros equatoriana, que foi entregue a dois cemitérios.