O Brasil registrou 1.584 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas e 538.942 brasileiros já morreram em decorrência do vírus desde o início da pandemia. Em relação ao número de novos casos de covid-19 confirmados, o último período foi marcado por 52.789, totalizando 19.262.518.
O Brasil já consegue colher resultados positivos mesmo com um patamar de vacinação contra a covid-19 ainda considerado baixo, com 16% da população imunizada com duas doses. Com a demora, o país é o que contou mais mortos pelo coronavírus em 2021 e segundo no quadro geral, atrás apenas dos Estados Unidos.
Embora o nível da covid-19 siga elevado, as curvas epidemiológicas seguem em tendência de queda, especialmente a partir da segunda quinzena de junho. A média móvel de mortes diárias, calculada em sete dias, está em 1.252, alcançando o menor patamar desde o dia 1º de março, enquanto a média de novos, 42.822, é a menor desde o dia 7 de janeiro. “Vacinar ajuda, protege“, afirma o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marcelo Gomes.
Gomes é responsável técnico pela elaboração dos boletins InfoGripe da entidade, que medem a disseminação de vírus que se espalham por vias aéreas, como o Sars-CoV-2. Ele comemora os bons resultados obtidos com o avanço da vacinação, mas reafirma a necessidade de manter cuidados. “É isso que estamos vendo (a redução nos números). Mas ainda não é tudo. Precisamos baixar a transmissão”, disse.
Tendências opostas
Quem está puxando os números do coronavírus para baixo no Brasil são os grupos de idade mais avançada, que em grande parte já passaram por etapas completas de vacinação contra a covid-19. “As curvas para os idosos caíram mas seguem num patamar próximos ao pico de 2020”, aponta o pesquisador da Fiocruz Leo Bastos.
Bastos observa que a tendência não é verificada entre os mais jovens. Ao contrário, nos grupos ainda não vacinados a covid-19 segue tendência de alta. “Vacinas funcionam! Se olharmos as curvas para as faixas etárias de 20 a 59 anos vemos uma segunda retomada em 2021, isso não acontece nos grupos com maior cobertura vacinal”, explica.
Dados da Fiocruz indicam alteração no padrão de internados por complicações da covid-19. Em maio de 2020, a faixa etária de 0 a 39 anos representava 15% dos internados, de 40 a 59, 32% e acima de 60, 53%. Em maio deste ano, o panorama se inverteu, com aumento de internações entre os mais jovens; de 0 a 39 anos representavam 20%, de 40 a 59, 51%, e acima de 60 anos, 29%.
Falsa segurança
Como argumentam os cientistas, a situação segue inspirando cautela, porque bons resultados da vacinação levam a população a uma falsa, ou precipitada, sensação de segurança. Pesquisa divulgada na noite de ontem (14) pelo Datafolha confirma essa tendência. Mais da metade da população, 53%, acredita que a pandemia está parcialmente controlada. Os que acreditam estar totalmente controlada são 5%; que consideram fora de controle, 41% e 1% não soube responder.
Em março, quando o país passava pelo pior momento da pandemia até então, 79% acreditavam no descontrole. Outro dado levantado pelo instituto foi sobre a visão da população sobre a velocidade da vacinação. Em março, 76% afirmavam estar mais lenta do que deveria, este número caiu para 60%. Os que acreditam estar dentro do prazo foram de 19% para 25%. Quem acredita estar rápida, flutuou de 2% para 3%.
Escândalos envolvendo suposta prevaricação do governo Bolsonaro e também corrupção impediram a vacinação mais ágil dos brasileiros. Além disso, pesa o negacionismo do presidente que, desde o início da pandemia, adotou uma postura de negar a gravidade da doença, promover e estimular aglomerações e divulgar ataques mentirosos contra vacinas e uso de máscaras. Até o momento, 44,83% da população já recebeu uma dose de vacina e 16,06% duas doses. O número de doses aplicadas está em 119 milhões.
Foto: Tatiana Fortes / GOVCE. Brasil de Fato.