O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse durante a reunião de ministros do dia 22 de abril que “botava na cadeia” todos os ministros do Supremo Tribunal Federal. Ele disse ao presidente Jair Bolsonaro: “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF. E é isso que me choca. Era só isso presidente, eu… eu… realmente acho que toda essa discussão de ‘vamos fazer isso’, ‘vamos fazer aquilo’, ouvi muitos ministros que vi… chegaram, foram embora. Eu percebo que tem muita gente com agenda própria.” O relator do inquérito no STF, ministro Celso de Mello, considerou que Weintraub cometeu possível crime.
O ministro começou sua fala afirmando que “tem três anos que, através do Onyx (Lorenzoni), eu conheci o presidente”. Weintraub havia acabado de ter um inquérito por suposto racismo aberto pelo STF. Ele continua falando. “Nesses três anos, eu não pedi um único conselho, não tentei promover minha carreira. Me ferrei, na fisica. Ameaça de morte, na universidade. E o que me fez, naquele momento, embarcar junto, era a luta pela… pela liberdade. Eu não quero ser escravo nesse país. E acabar com essa porcaria que é Brasília. Isso daqui é um cancro de corrupção, de privilégio. Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que eu podia imaginar.”
Weintraub continua com suas queixas, afirmando que as pessoas perdem a “percepção, a empatia, a relação com o povo”. “Se sentem inexpugnáveis. Eu tive o privilégio de ver a… mais da metade aqui desse time chegar. Eu fui secretário-executivo do ministro Onyx. Eu acho que a gente tá perdendo um pouco desse espírito. A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando.” O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontou na decisão em que levanta sigilo da reunião ministerial do dia 22 de abril aparente “prática criminosa” cometida pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. No trecho destacado pelo decano, o ministro da Educação afirma que, por ele, “botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”.
Segundo o decano, a “gravíssima aleivosia” feita por Weintraub, “num discurso contumelioso e aparentemente ofensivo ao patrimônio moral” dos ministros do STF, põe em evidência que tal afirmação configuraria possível delito contra a honra (como o crime de injúria).
Estadão Conteúdo. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil. Tribuna da Bahia