O movimento de migração iniciado pelo presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Júnior (MDB), e pelo vereador licenciado Henrique Carballal (PDT), que desembarcaram da base do prefeito Bruno Reis (UB) para compor a candidatura do grupo de Jerônimo Rodrigues (PT) ao governo do estado, já tem desencadeado outros deslocamentos.
Segundo fontes ouvidas pelo Bahia Notícias, pelo menos dois dos parlamentares que compõem o quadro do Legislativo soteropolitano já estariam confirmados do outro lado, Randerson Leal (PDT) e Carlos Muniz (PTB). O último, inclusive, tem feito aparições ao lado de petistas em viagens pelo interior e foi escolhido como o novo vice-presidente durante a recondução do presidente, questionada juridicamente pelo partido do prefeito através de uma ação no Supremo (relembre aqui).
Dentre as 43 cadeiras da Casa, antes da movimentação “geraldista”, 34 eram da base de Bruno Reis e ACM Neto. Com a saída de Randerson, Geraldo e Muniz, o quórum caiu para 31.
E o número pode diminuir, com a saída de outros quatro edis. Mais próximos do presidente da Câmara, Marcelle Morais (UB), Marcelo Maia (PMN), Átila do Congo (Patriota) e Sandro Bahiense (Patriota) são alguns dos nomes ventilados entre interlocutores ouvidos pelo Bahia Notícias.
A nova posição dos parlamentares ameaça a governabilidade do prefeito, que passaria a contar – calculando todas as saídas – com o aceno governista de 27 vereadores, dois a menos que os 29 necessários como “maioria qualificada”, ou seja, menos que 2/3 do total de votos.
Procurados pelo BN, três dos quatro negaram a versão de que estariam deixando a aliança de lado. Em conversa por telefone, a vereadora Marcelle Morais refutou a possibilidade: “De forma alguma”. “Continuo na base e não há hipótese alguma de migrar para a oposição”, disse.
A mesma definição foi dada por Bahiense, que acusou fidelidade aos governistas e descartou que haja qualquer conversa com o bloco oposto. “Sou realmente fiel ao nosso grupo, ao prefeito Bruno Reis e ao futuro governador ACM Neto. Conduzo com perfeição, com sabedoria a nossa Câmara de Vereadores, com nosso presidente Geraldo Júnior, sem mostrar nenhum apego ao time do PT. Para mim isso é novidade”.
Átila do Congo também negou que esteja deixando a aliança com o governo municipal de lado. Ao BN ele disse que “sempre teve posicionamento” na Câmara e argumentou possuir um bom diálogo com a presidência da mesa diretora.
O quarto listado, Marcelo Maia, foi contatado, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta matéria.
O clima foi comentado pelo líder do governo Paulo Magalhães Júnior (UB) (veja aqui) como algo que não vai mexer na tramitação de projetos de interesse da população. “Importante, independente de lado político, sempre foi a independência dos poderes e a forma imparcial de consuzir a presidência da Câmara. Fui governo, contava com Geraldo na base, contava com Geraldo Júnior no governo, e acho que vai contar da mesma forma do lado da bancada da minoria”, alegou, durante a entrega da primeira etapa da Orla de Stella Maris, na manhã desta segunda (11).
Já Augusto Vasconcelos (PCdoB), líder do bloco adversário, também foi procurado, mas não se manifestou sobre o assunto.
REUNIÕES COM VEREADORES
A crise em potencial, no entanto, fez com que Bruno convidasse vereadores e suplentes que estiveram presentes na entrega da primeira etapa da requalificação da Orla de Stella Maris, na manhã desta segunda-feira (11), para uma reunião de emergência. Um segundo encontro de alinhamento deve ser realizado na próxima semana, no Palácio Tomé de Souza.Foto: Valdemiro Lopes / CMS. Bahia Noticias