Em meio a um cenário de retração econômica, o setor de franquias dribla as dificuldades e registra na Bahia um crescimento de 9% no faturamento no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2018. O índice está acima dos aferidos na região Nordeste, com 8%, e no país, que apresentou alta de 6,4%.
O bom desempenho coloca o estado como “a menina dos olhos” de franqueadores na região, diz o diretor regional da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Leonardo Lamartine. E passa a ser alternativa para quem está sem emprego e tem algum capital para investir nos diversos segmentos.
Dados divulgados pela ABF mostram que, no país, no segundo trimestre, o faturamento no ramo cresceu 5,9%, com incremento de 10% na geração de empregos, se comparado com igual período de 2018. O número de franquias abertas no país supera o de lojas fechadas, com saldo de 2,01%.
A expectativa é a de que a Bahia feche 2019 com aumento de 10% a 11% no faturamento no setor de franquias, acima do índice do Brasil, na faixa de 9% e 10%. O motivo da boa saúde do setor de franchsing, diz Lamartine, está relacionado à queda na taxa Selic que faz com que o dinheiro migre do capital investido em bancos para o setor produtivo, ou seja, investimentos em franquia e outros setores que geram empregos e movimentam a economia.
Momento propício
No caso da Bahia, para além da capital, polos como Barreiras, Itabuna e Vitória da Conquista ajudam a incrementar esse índice, impulsionado pela aberturas de shoppings que são celeiro de franquias. Além disso, o setor de franquias reage melhor à crise porque o franqueador não permite abertura de lojas em praças que não são favoráveis. “Cerca de 85% dos negócios que abrem na junta comercial fecham em 5 anos. Esse índice, na franquia, fica em 4,3%”, diz Lamartine.
O coordenador de comércio e serviços do Sebrae-Ba, Ítalo Guanais, acredita que o momento é propício para investir no setor. “O risco em dar errado o investimento em uma franquia é bem menor do que em um modelo de negócios de não-franquias”. Ele explica: as franquias já têm marcas construídas, plano de negócios, investimentos e expectativa de retorno e suporte.
Apesar do cenário próspero, setores de Limpeza e Conservação e Automotivos tiveram queda no faturamento de 19,1% e 2,3%, respectivamente. Lamartine minimiza: “Os números brutos de queda não são expressivas – 4 unidades de serviços automotivos e 22 de limpeza e conservação. E refletem movimentos e oscilações que, muitas vezes, são somente resultantes de reestruturação das empresas”.
Comunicação e Informátíca
A Bahia possui 4.178 lojas de franquias pulverizadas em 555 redes. Foi na fatia de Comunicação e Informática que Eduardo Lopes, 40 anos, encontrou alternativa de renda quando a empresa de máquinas de cartões onde trabalhava fechou no final de 2018.
Apostou na Acqio, marca brasileira fundada em 2014, com 1.170 franqueados no país e que tem um modelo de negócios no qual o franqueado ganha comissão sobre a venda das máquinas para lojas e, ainda, sobre as vendas transacionadas por lojistas. O investimento foi de R$ 7,9 mil, já incluindo a taxa de franquia. Eduardo passou a operar em Salvador no mês de maio.
“Estou ganhando mais do que ganhava na outra empresa. Pretendo chegar até final do ano com R$ 7 mil líquido ao mês. Quanto maior a cartela de clientes, maior o ganho”, conta. Para ele, o diferencial da Acqio é de ofertar juros mais baixos para o cliente. Ele crê em um retorno sobre investimento em até 12 meses.
Já o contador Gabriel Paz, 34 anos, também ficou desempregado quando a multinacional para a qual trabalhava, em Simões Filho, fechou as portas no final de 2017. Ele tentou outras oportunidades ao longo de 2018 e, após pesquisas, decidiu complementar a renda com franquia no ramo de vending machines, a Mr. Kids.
Em troca de uma moeda de R$ 1 ou cédula de R$ 2, a máquina entrega um brinquedo. Gabriel investiu R$ 18,7 mil (incluída a taxa de franquia) e alugou espaço em um shopping de Salvador. A reposição dos brinquedos lhe toma quatro horas semanais. No final do mês o retorno é de R$ 6 mil a R$ 7 mil, com duas máquinas. “Posso ter projetos paralelos. Acredito que vou ter o retorno em 12 a 15 meses”. Segundo o gerente de expansão da Mr. Kids, Rodrigo Loredo, o número de franqueados no estado teve alta de 40% em relação ao 2º trimestre de 2018.
Serviços Educacionais
Para quem tem mais bala na agulha e pretende investir alto, um dos ramos em ascensão é o de Serviços Educacionais. A Maple Bear, escola bilíngue de ensino infantil e fundamental dirigida às classes mais abastadas, inaugurou uma segunda unidade na Bahia em abril, na Estrada do Coco. O investimento de nada menos que R$ 20 milhões foi realizado pela escola de línguas ACBEU.
A diretora pedagógica da Maple Bear, Marcia Schwartz, diz que o mais importante foram as pesquisas: há demanda pelo serviço na região. Ele cita o diferencial o método pedagógico canadense da Maple Bear como um chamariz. A estimativa de retorno sobre o investimento é de 3 a 4 anos. O gerente de expansão da Maple Bear, Adriano Magalhães, diz que, na Bahia, há 2 escolas em operação e 5 em processo de implantação.
“O Nordeste é sem dúvida um mercado promissor. Para expansão, estamos mirando em cidades de 100 a 200 mil habitantes, como Itabuna, Ilhéus e Teixeira de Freitas”.
Outra bandeira que está entrando na Bahia é a Tratabem, braço de serviços da Igui. O foco é o tratamento de água, manutenção e reparo de piscinas. A primeira loja foi inaugurada em Stella Mares há 15 dias. O investimento para uma loja é de R$ 68 mil. “Estamos começando na Bahia para expandir no Nordeste. Pretendemos até o final de 2020 abrir 20 lojas em todo o estado da Bahia”, diz Lilian Marques, diretora-executiva da empresa A Tarde