Amazônia tem mais um ano de devastação histórica sob o governo Bolsonaro

Taxa de desmatamento entre 2021 e 2022 está entre as mais altas já registradas

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta sexta-feira (12) mostram que mais de 8,5 mil quilômetros quadrados foram destruídos na floresta amazônica entre agosto do ano passado e julho deste ano.

Todos os recordes de desmatamento registrados até agora, ocorreram durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) na presidência da república. A área devastada de 2021 pra cá é a terceira maior já registrada, só fica atrás do que foi observado entre 2019 e 2020 e 2020 e 2021.

Somente no mês de julho foram 1.487 km2 desmatados. O Observatório do Clima (OC) aponta que o resultado mostra um “empate técnico” na comparação com o mesmo mês do ano passado, ou seja: a situação segue gravíssima. A área de destruição da floresta em um mês equivale praticamente ao tamanho da cidade de São Paulo.

A entidade alerta ainda que os dados divulgados apontam para o quarto ano seguido com taxa oficial de desmatamento superior a 10.000 km2. A previsão catastrófica deve se confirmar no fim do ano.

:: Agronegócio foi responsável por 97% do desmatamento no Brasil em 2021 ::

“Jair Bolsonaro já é hoje o único presidente, desde o início do monitoramento por satélite da floresta (em 1988), a ver o desmatamento crescer por três anos seguidos de seu mandato”, afirma informe divulgado pelo Observatório do Clima.

O secretário executivo do OC, Marcio Astrini, diz que os números são parte de uma tática de destruição colocada em prática pelo governo federal.

“É mais um número que estarrece, mas não surpreende: o desmatamento fora de controle na Amazônia resulta de uma estratégia meticulosa e muito bem implementada de Bolsonaro e seus generais para desmontar a governança socioambiental no Brasil.”

Pavimentação perigosa

O Observatório do Clima aponta ainda o asfaltamento da rodovia BR-319 como outro ponto de preocupação. A estrada corta o maior bloco de florestas intactas da Amazônia e, no governo de Bolsonaro, a obra passou a avançar em tempo recorde.

Há três semanas, foi concedida a licença prévia para pavimentação do trecho ambientalmente mais sensível do projeto. Ainda de acordo com a análise do OC, a expectativa do empreendimento está diretamente ligada à explosão do desmatamento.

Astrini destaca que a divulgação das informações lembra ao Brasil mais um risco que o país corre com a presença de Bolsonaro no poder.

“A divulgação dos dados do Deter um dia depois da festa cívica da leitura das cartas pela democracia nos lembra do risco que a floresta e o país correm caso Bolsonaro triunfe em seu plano de romper a ordem institucional no Brasil. Qualquer solução para a floresta começa em outubro, nas urnas, com a derrota do mandatário que deu ao crime o controle sobre metade do território do Brasil”, finaliza. Imagem, Vinicius Mendonça/ Ibama

Edição: Felipe Mendes. Brasil de Fato.