Na edição do programa Três Pontos desta sexta-feira (19), o jornalista Janio de Freitas comentou sobre a influência dos líderes evangélicos brasileiros como poder eleitoral e a impunidade que nasce a partir desta relevância.
Para Janio, com o crescimento latente das igrejas pentecostais no país e a diminuição, ao mesmo passo, da religiosidade católica, houve uma espécie de passada de bastão da conquista de fiéis e, sobretudo transferência do poder político.
“A substituição paralela que a atração religiosa ctólica cedendo espaço e caminhos à evangélica, também se passou no plano político, que se traduz de maneira eleitoral, política eleitoral, que é a base dessas igrejas evangélicas. Elas podem cometer o que quiserem, não há punição, não há polícia em ação, não há receita federal em ação para verificar a legitimidade dessas fortunas, os negócios que são feitos com essa brutalidade de dinheiro arrecadado do povo humilde, porque eles são poder eleitoral, eles recomendam candidatos”, pontuou na Rádio Metropole.
O cancelamento da isenção tributária dos pastores pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que havia sido determinada na gestão do ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL), também foi comentado por Janio. Em sua visão, mais do que uma escolha assertiva do atual governo, é uma medida justa.
“Os pastores evangélicos, alguns deles sem nenhum pudor de exibir fortunas gigantescas, casas na Flórida, gente desse padrão financeiro […] é uma coisa absolutamente ofensiva, para as pessoas que por aflição ou fé recorrem a esses pastores, que só fazem acumular riquezas. Tem que pagar sim [Imposto de Renda], devem pagar. Já recorreram ao [Fernando] Haddad [Ministro da Fazenda] que infelizmente já prometeu fazer uma comissão para estudar a situação. Não há nada o que estudar, se todos pagamos imposto de renda sobre nossos salários, nossos ganhos, por que eles terão esse privilégio? Tantos deles sendo já ricos e todos os demais em processo de enriquecimento, vão ficar dispensados do imposto de renda? A lei não é igual para todos, como consta na Constituição?”, questionou.
Janio comentou ainda sobre o objeto de estudo do jornalista Samuel Possebon, também presente na edição do programa. Ele analisou como os principais horários da televisão são dominados pelos grupos evangélicos e a realidade das igrejas são pouco retratadas.
“As televisões hoje estão a disposição desse público, explicitamente, diretamente cedendo horário, sempre bons horários, ou chegando por arrendamento, ou pelo cuidado de poupá-los nos noticiários e na programação em geral. Reparem o seguinte: a vida urbana brasileira, das grandes cidades, foi bastante dissecada nas novelas, entram personagens de todos os níveis econômicos, sociais, para retratar essa diversidade urbana. Não, porém, o que se passa, por exemplo, com os pastores evangélicos, suas igrejas, como vivem em relação a essas igrejas o povo mais humilde, que compõem os auditórios desses pastores. Esses não figuraram no retrato das realidades que as novelas já fizeram. Essa é uma realidade completamente absurda”, declarou. Foto: Reprodução Rádio Metropole. Metro 1.