A avaliação sobre a má fase do Vitória nas últimas rodadas da Série B geralmente comportava um diagnóstico: a falta de repertório ofensivo. O time até conseguia se defender bem, com uma das melhores duplas de zaga da competição, mas tinha muita dificuldade de romper as barreiras defensivas dos adversários. Os centroavantes do elenco, Léo Gamalho, Welder e Tréllez, que se revezaram na equipe titular como os principais responsáveis por marcar gols, oscilaram no desempenho e pouco balançaram as redes.
Após cinco partidas, quatro derrotas e apenas dois gols marcados, o alerta foi ligado. O técnico Léo Condé, que insistia nas mesmas fórmulas, começou a ser bastante questionado sobre as suas escolhas táticas. Porém, pressionado, o treinador sacou duas cartas da manga e colocou em prática no jogo contra o Novorizontino, domingo passado. Espelhou o sistema dos visitantes, com três zagueiros, e colocou Osvaldo como falso nove, ou seja, cumprindo a função de centroavante com mais mobilidade.
Em 30 minutos, o resultado apareceu. Em trama rápida de contra-ataque, Dudu fez a transição do sistema defensivo e tocou para Wellington Nem, no meio, que lançou a bola para Mateus Gonçalves, invertido, na ponta direita. Ele recebeu, correu para a linha de fundo e concedeu uma bela assistência, à meia altura, para Osvaldo, bem posicionado, dominar e apenas colocar para dentro do gol, abrindo o placar. Uma jogada que há bastante tempo não se via com tanta qualidade no Vitória.
Em paralelo à melhora na atuação, o Rubro-Negro retomou a dianteira, junto com o Sport, dos times que mais marcaram na Série B, com 26 gols, e retornou ao G-4, na quarta posição, com 31 pontos. O “novo centroavante” jogou apenas o primeiro tempo. No intervalo, sentiu a panturrilha e foi sacado – quando vencia por 2 a 0 – para a entrada de Welder.
Em entrevista coletiva, ontem, Osvaldo falou que já acordou sem dores e que estará apto para pegar a o Sport, amanhã, na Ilha do Retiro, pela 18ª rodada. O experiente jogador comentou ainda sobre a nova posição e indicou que deve continuar exercendo a função.
“Foi uma proposta diferente que o professor Léo Condé trabalhou com a gente. Já atuei bastante como segundo atacante, mas não de nove. Mas é um falso nove saindo bem da área, trocando de posição muitas vezes com Mateus Gonçalves e Wellington Nem. Nossa movimentação foi interessante. E me senti bem porque estou mais perto do gol, para finalizar com a direita e a esquerda. Jogando de ponta não é sempre que a gente pega chance de gol”, avaliou Osvaldo.
Mais livre
Em sua nova posição, o atacante, de 36 anos, se libera de parte da sua função defensiva no meio, ficando mais concentrado na pressão sobre a zaga. Esse aspecto pode ajudar na condição física do atleta, tão importante para o Rubro-Negro. Com as chegadas do volante Dudu e do ponta esquerda Mateus Gonçalves, dois jogadores rápidos e incisivos, junto com Wellington Nem, o ataque do Vitória ganhou uma alternativa mais veloz e aguda – o que era nítido, para todos, que fazia muita falta.
Com essas mudanças ofensivas e na estratégia, o Leão conseguiu criar, pelo menos, cinco oportunidades perigosas de gol, marcando dois. “O Léo Condé acabou treinando na semana espelhando o que o Novorizontino iria propor e a gente conseguiu treinar bem essas arrancadas, esses facões rápidos. A gente teve a chance de ampliar com Wellington Nem, teve uma outra escapada com Mateus Gonçalves. A gente ficou uma equipe muito rápida. É uma satisfação muito grande marcar, principalmente diante do nosso torcedor”, avaliou Osvaldo.
A possibilidade de Léo Condé escalar o time com Osvaldo como centroavante colocava um risco de perder a referência para as jogadas de cruzamento e finalizações de cabeça, que têm sido fundamentais para a produção ofensiva do Vitória. Para tranquilizar aqueles que tinham essa preocupação, os dois tentos saíram de jogadas de cruzamento, uma delas para o belo gol de cabeça de Camutanga após cobrança de falta de Nem. Com a motivação em alta, o retorno para o grupo de acesso, o time ganha uma nova energia para o confronto com o Sport. Função de Osvaldo como centroavante cria possibilidades de ataque para o Leão –