Pesquisa publicada na revista Geophysical Research Letters e realizada a partir de informações do interior de Marte obtidas por meio da sonda InSight, da NASA, sugere que pode haver água subterrânea no Planeta Vermelho. A sonda, que foi lançada em maio de 2018 e aterrissou em Marte em novembro do mesmo ano, registrou “martemotos” — tremores semelhantes a terremotos.
Detectadas a partir de um sismógrafo, o SEIS, as movimentações podem ser úteis para se compreender o que há no interior do planeta. Segundo o cientista planetário da Universidade da Califórnia Michael Manga e os demais pesquisadores, esses tremores registrados em Marte são semelhantes aos detectados nos estados de Oklahoma e Texas, nos Estados Unidos.
Semelhanças e diferenças
Nesses locais, têm sido percebidos terremotos que podem ser induzidos pelo fracking — ou fraturamento hidráulico. A técnica consiste na extração de gases ou óleos de rochas profundas a partir da injeção de fluidos, o que leva ao aumento da pressão. O resultado é a expulsão e a coleta do material. Essa prática gera fragmentação das rochas.
Em Marte, em vez do fracking, a teoria é de que pode existir reservatórios de água subterrânea comprimidos graças às baixas temperaturas. Segundo Michael Manga, camadas superiores de água podem estar congeladas, comprimindo a água subterrânea ainda líquida. Dessa forma, essa água sob pressão pode exercer influência sobre os “terremotos”.
Outros possíveis “gatilhos”
Porém, esse não é o único fator apontado na pesquisa. Os cientistas sugerem que devem existir outras explicações para os “martemotos”. Dois “gatilhos” para as movimentações, de acordo com os pesquisadores, podem ser a influência da lua de Marte, Phobos, e a mudança na pressão barométrica causada a partir do resfriamento e do aquecimento da atmosfera marciana. Caso a teoria defendida na pesquisa esteja correta, futuramente pode ser possível que, ao fazer perfurações, a água jorre sozinha por conta da pressão.