Se na música Gueto, a trajetória feita por IZA foi de Olaria até a Colômbia para se tornar uma grande estrela nacional e internacional, foi de Feira de Santana até Salvador que o baiano Thiago Teixeira conquistou o coração da intérprete da canção e toda Internet com um remake do clipe do novo single da carioca lançado no início de junho.
O jovem de 29 anos, negro, LGBTQIA+, nordestino do município que fica a 116km da capital baiana, foi parar no perfil da artista com a super produção que além de homenagear IZA, carrega um pouco de baianidade com referências ao estado como o delivery de Acarajé no lugar do Sacolé e o Pelourinho como cenário.
Apaixonado pela família que sempre acreditou em seu trabalho, Thiago fez questão de colocar todo mundo para participar do clipe.
“Eu queria chegar parecido com o dela, mas eu queria mostrar também a minha família, a minha história também. Tanto que eu reformei a frente da casa de minha tia Gelida para ficar parecido com o clipe, pintei tudo. A frente da casa do meu pai. Mas queria mostrar os meninos da bateria, que são daqui da comunidade de Feira. A minha família me apoia muito mesmo, sempre me apoiou. Os que tem vergonha ajudaram nos bastidores, e os que querem botar a cara, botam também. Meu pai, (seu Joca), minha madrasta, minhas tias”, contou o rapaz que perdeu a mãe, dona Maria das Graças em 2018.
Ao Bahia Notícias, Thiago contou como foi o processo de produção do remake, que durou 15 dias até ser lançado, envolvendo a confecção das roupas, produção do roteiro, organização do cenário e edição do trabalho, e não contou com ajuda financeira externa.
“No dia que ela lançou o clipe eu me apaixonei. Comecei a correr atrás em Salvador, corri atrás de costureira. Não tive nenhum tipo de patrocínio, tirei tudo do meu bolso. Eu tô com fatura de cartão lá no alto, mas não me arrependo não, valeu muito a pena. Eu gastei muito, foi roupa, passagem de todo mundo. Gastei com maquiagem, com cabelo, com roupa. Fiz almoço para todo mundo, câmera, drone. Pensei em fazer de uma forma muito profissional porque era mais fácil de chegar até ela”.
O resultado impressionou tanto o público, que o burburinho nas redes sociais fez com que a obra chegasse para Pablo Bispo, produtor musical que trabalha com IZA e foi o responsável por apresentar o trabalho a cantora.
“Ele viu o clipe e veio no direct, ele falou muita coisa que eu me emocionei. Ele mandou o meu remake para IZA. Ele também compartilhou nos stories com uma dedicatória linda falando sobre o impacto social, sobre respeito, sobre o gueto”, relatou.
No perfil de IZA, o remake de Thiago tem mais de meio milhão de visualizações e uma dedicatória ao Talismã, apelido pelo qual a artista chama os fãs: “Obrigada por essa homenagem incrível. GUETO é sobre isso, representar quem somos e de onde viemos com orgulho! Ficou lindo demais!”, escreveu a carioca.
(Foto: Reprodução / Instagram)
Ser notado pela ídola foi o ponto alto da semana de Thiago, que diz ter feito um show ao saber que a artista tinha compartilhado seu clipe no feed do Instagram. “Eu achei que era o fã clube, quando eu vi o selo azul eu surtei. Eu perdi o chão, gritei tanto. Eu abracei todo mundo, minhas primas estavam aqui junto comigo. E quando eu parei para ler então… Valeu muito a pena”.
Além de IZA, outros artistas apreciaram o trabalho do influenciador como Preta Gil, Jeniffer Nascimento, Léo Santana, Tia Má, Thales Bretas, Pequena Lo, Gabi Moreyra.
Perfeccionista, Thiago afirma que se pudesse faria mais para deixar o clipe ainda mais parecido com o original. “Eu queria ter feito mais, tiveram algumas coisas que não deram para colocar. Eu não tenho uma equipe, minha equipe é a minha família, e minha família é uma loucura”, disse aos risos.
Na internet desde 2018, o influenciador conta que já teve receio de se arriscar com a produção de conteúdo por vergonha de sua aparência e medo do preconceito. Com a autoestima recuperada, o baiano já viralizou por duas vezes antes do remake de IZA com vídeos de comédia.
“Sempre gostei de gravar, mas eu gravava para mim mesmo por vergonha da minha aparência, medo do preconceito. Hoje, com essa quebra de preconceito e quando comecei a me sentir mais a vontade com a minha aparência, eu soltei esses vídeos antigos sem vergonha de nada. Ano passado eu tive um vídeo viralizado, que foi um vídeo que eu gravei no início da pandemia com a minha família no qual eu jogo fogos em quem estava na rua, mas é tudo minha família viu? (risos) e ele viralizou em várias páginas do Instagram”. Foto: Reprodução / Instagram / Divulgação. Bahia Noticias